Mercado virtual projeta 4 milhões de brasileiros fazendo primeira compra

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As datas temáticas e as compras por impulso são os principais fatores que têm levado os brasileiros a iniciarem a utilização desse canal, conforme estudo de entidade do setor


 



Com a perspectiva de que aproximadamente 4 milhões de brasileiros façam a primeira compra on-line este ano, players que atuam no varejo eletrônico tentam acabar com preconceitos que levam o consumidor a preferir o canal físico para fazer as compras.

Portais mais seguros, políticas de precificação agressiva, garantias de troca e devolução de produtos estão entre as iniciativas que ajudam a quebrar essa barreira. "Outro impeditivo é a confiança no canal. As marcas mais conhecidas no mercado são mais procuradas por esses novos e-consumidores", afirmou ao DCI o presidente da Associação Brasileira do Comércio Eletrônico (ABComm), Maurício Salvador.

Segundo o especialista, a criação de selos de confiança também é uma forma eficaz de levar segurança ao cliente. "Temos os selos do Reclame Aqui, da ABComm e da e-bit. Todos eles afirmam ao consumidor que aquele é um ambiente virtual seguro para se fazer compras", disse.

Para o consultor da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net), Gerson Rolim, são as datas temáticas e as compras por impulso que levam os brasileiros a comprar pela primeira vez on-line. "A chance de a compra acontecer na sazonalidade é maior. E a compra por impulso tem maior influência na internet", disse.

A estimativa da ABComm é que cerca de 4 milhões de pessoas façam pela primeira vez uma compra on-line este ano. Apesar de ser um número expressivo, em 2014 foram 6 milhões os novos e-consumidores. Mesmo com a redução nos números, esses novos clientes são considerados pela ABComm os responsáveis pelo crescimento constante do e-commerce no País.

"Nos últimos dois anos, eles ajudaram bastante nesse crescimento e mesmo com esse processo de desaceleração, entre 2016 e 2017 eles continuarão sendo os responsáveis pelo bom desempenho do setor", explicou Salvador.

A menor penetração de compradores deve-se à estagnação do crescimento no fornecimento de internet no País. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que apenas metade da população do Brasil tem esse tipo de acesso. "Os novos consumidores têm tíquete de compra mais baixo. Eles compram mouse, teclados e roupas simples, como camisetas", argumentou Salvador.

Pesquisa da entidade apontou que dos novos usuários, 60% são mulheres. O restante está dividido entre jovens de até 21 anos e adultos acima dos 50 anos. "Isso caracteriza surpresa e mostra que, aos poucos, os mais velhos estão perdendo o medo de comprar pela internet", concluiu.

Compra por impulso

Gerson Rolin, da camara-e.net, explicou que enquanto na loja física o consumidor tem tempo de desistir da compra, ou pensar na real necessidade de se ter aquele produto, na internet não há tempo para esses questionamentos. "A compra por impulso é mais acelerada no canal on-line."

Outro ponto de atração está no parcelamento, mesmo que as empresas tenham diminuído o parcelado sem juros. "Muitos deixaram de oferecer o parcelamento longo sem juros. Atualmente, a oferta de venda sem juros está resumida em até cinco vezes", explicou.

Oferecer descontos e ter ferramentas que ajudam o consumidor a optar pela compra também são formas eficazes de converter a venda.

"O serviço de um consultor virtual pode ajudar a fechar a compra. Outra ferramenta é identificar o produto que foi deixado no carrinho e posteriormente encaminhar e-mails sinalizando desconto naquele item. Isso também ajuda na conversão de venda", explicou.

Cartão próprio

Com cerca de 60% da população com conta em banco e a desaceleração econômica impactando diretamente a concessão de crédito, players que oferecem cartão próprio para a compra em seus sites têm levado a melhor na preferência dos novos e-consumidores.

No mercado brasileiro, a estimativa é que 80% das transações sejam pagas por meio de cartões de crédito. "Hoje, um quarto da população do País já fez alguma transação on-line. Além do preço, oferecer mais formas de financiamento, por meio do private label, por exemplo é uma boa alavanca de vendas", afirmou o diretor de marketplace do MercadoLivre, Leandro Soares.

Segundo o executivo, a canal mobile também pode ser considerado uma ferramenta efetiva para impulsionar a inserção de novos usuários no e-commerce. "Atualmente, 20% do acesso ao site vêm de dispositivos móveis, e 17% das vendas são feitas nesse canal", disse.

Dados do Mercadolivre apontam que das 5 milhões de pessoas que compram pela plataforma da empresa, um terço delas faz cadastro no site pelo meio do celular. Soares enfatizou que ainda há muito espaço para o desenvolvimento do e-commerce no País.

A começar pela sua participação no varejo. "O volume transacionado no on-line ainda é muito pequeno, chegando a no máximo 4%. O restante, 96%, está concentrado nas operações off-line", disse. E completou: "Isso é bem baixo na comparação com os Estados Unidos, onde esse índice chega a 10%. Na Inglaterra também, onde é 15%".



Veículo: DCI


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