Nanicos do Mercosul querem ampliar comércio no bloco

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                               Paraguai e Uruguai reivindicam fim de barreiras não tarifárias para ampliar exportações para países vizinhos



Insatisfeitos com a letargia do Mercosul, os sócios minoritários do bloco, Paraguai e Uruguai, prometem pressionar países maiores para derrubar barreiras que travam o comércio dentro da região.Não se trata de jogo de cena político. Acossados pela recessão no Brasil e pela estagnação na Argentina, os nanicos querem evitar que as portas se fechem em seus principais mercados.

Quase 30% das exportações do Uruguai são para o Mercosul e o percentual se aproxima de 45% no caso do Paraguai. Em crise, Brasil e Argentina estão comprando menos, o que tem potencial de disseminar o mau momento econômico aos vizinhos.

No mês passado, os presidentes dos dois países se encontraram em Montevidéu e combinaram propor prazos concretos para a resolução de impasses que travam o comércio interno do Mercosul ainda em 2015.Pretendem aproveitar a presidência temporária do Paraguai –formalizada na reunião desta sexta (17) em Brasília– para contemplar suas demandas."Os países grandes não poderão ignorar a insatisfação dos minoritários, vocalizada por seus presidentes", avalia o analista em comércio exterior argentino Félix Peña.

A primeira queixa contra os "hermanos" maiores são as barreiras não tarifárias de proteção comercial. O Paraguai, por exemplo, não consegue exportar produtos farmacêuticos para o Brasil, embora já venda para os demais países sul-americanos."Será que as exigências sanitárias do Brasil são tão maiores do que as da Colômbia, por exemplo?", questiona o analista paraguaio Fernando Masi, da consultoria Cadep.

O Paraguai também quer manter a possibilidade de reexportar produtos que comprou de outros países aos vizinhos, o que é alvo de crítica de empresários brasileiros descontentes com a concorrência indireta chinesa.Segundo Masi, essas operações representam metade das vendas externas do Paraguai, e a crescente exigência de conteúdo local, tanto no Brasil quanto na Argentina, coloca em risco essa receita.

Outra reclamação é a escassez de fundos para investimentos em infraestrutura no Paraguai e no Uruguai. Os dois países recebem entre 30% e 40% do volume fundo do Mercosul, que tinha cerca de US$ 900 milhões no ano passado. O Brasil, principal financiador destes recursos, está devendo US$ 120 milhões em transferências.

O problema não é novo, mas voltará ao debate com a chegada de um novo sócio, a Bolívia, que deverá combinar qual será o seu aporte e, principalmente, quanto receberá nesta repartição de recursos.Para o economista Dante Sica, da consultoria Abeceb, a eleição na Argentina está travando discussões dentro do bloco em um momento em que os países precisam exportar para espantar a crise econômica. Isso reavivou o racha entre os pequenos e os grandes sócios do Mercosul."Há uma percepção no Uruguai e no Paraguai que o Mercosul não está lhes dando nenhum benefício", disse."Com [Pepe] Mujica na presidência do Uruguai, essa divisão dentro do bloco não aparecia. Mas Tabaré [Vázquez] é diferente e pretende impulsionar a resolução destes problemas."




Veículo: Jornal Folha de S.Paulo


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