O aumento do desemprego e do custo de vida na Região Metropolitana de Belo Horizonte tem comprometido a renda das famílias e contribuído para que a quitação de dívidas seja menor. De acordo com dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), somente em agosto foi registrada queda de 15,54% no número de consumidores que liquidaram as dívidas. Quando comparado com o resultado de igual mesmo mês de 2014, o índice de recuperação de crédito é o pior dos últimos sete anos, nesta mesma base de comparação.
De acordo com a economista da CDL-BH Ana Paula Bastos, o resultado reflete a piora dos indicadores macroeconômicos e a falta de planejamento financeiro da renda das famílias. "No atual cenário de retração da economia brasileira, a alta da inflação e das taxas de juros encarece o valor da dívida e dificulta a negociação e o pagamento. Esses fatores também fazem com que a renda das famílias fique menor, levando a população a priorizar os gastos básicos, restando pouco recurso financeiro para recuperar o crédito", avalia.
A economista também atribui a queda na quitação das dívidas à falta de planejamento da renda familiar e às compras por impulso. "Muitos consumidores adquirem produtos por impulso, sem fazer planejamento da renda familiar e sem ter reserva financeira. Essas pessoas ficam mais suscetíveis quando acontece um revés da economia. O planejamento e a compra consciente são fundamentais para que o consumidor consiga quitar as dívidas", ressalta.
De acordo com dados apurados pelo SPC, quando comparado agosto com o mês anterior, a recuperação de crédito caiu 1,17%. No acumulado do ano, a queda já soma 8,18%. Para a economista da CDL-BH, os números refletem o desequilíbrio econômico brasileiro.
Desemprego - "Além da pressão inflacionária e dos juros elevados, a taxa de desemprego também está crescendo na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Esse é outro fator que contribui com a redução da renda das famílias. E arcar com todas as despesas familiares torna-se mais difícil e o consumidor acaba priorizando o pagamento das despesas essenciais e adiando a regularização de suas dívidas", observa.
Em agosto, a maioria das quitações de dívidas junto ao SPC da entidade foi realizada por consumidores do sexo feminino, que respondeu por 55,02%. Por faixa etária, a maior parte, 26,2%, dos que quitaram os débitos têm entre 30 e 39 anos e a minoria (7,64%) tem de 18 a 24 anos. As demais faixas etárias são: consumidores entre 50 e 64 anos (22,3%); com 40 a 49 anos (23,32%); acima de 65 anos (10,97%) e com 25 a 29 anos (9,56%).
Para os próximos meses, a expectativa é de que a quitação de dívidas fique maior. Segundo Ana Paula, toda entrada extra de capital estimula a quitação dos débitos. No segundo semestre, a recuperação do crédito é favorecida pelo recebimento da restituição do Imposto de Renda, pelo pagamento dos dissídios e ainda do 13º salário.
"Acreditamos que no encerramento do ano, a queda registrada no número de consumidores que não liquidaram as dívidas não seja tão expressiva como a observada até o momento", avalia Ana Paula.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG