Crise na economia coloca varejo no atoleiro neste início de ano

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                          Em 2015, 81,1 mil lojas fecharam as portas. Com alta no desemprego, este ano e o próximo tendem a ser piores.

Os varejistas sentirão saudades de 2015. Mesmo após o setor ter registrado o pior resultado em vendas em mais de uma década, lojistas esperam por um ano ainda mais desafiador. Sem perspectivas de uma retomada da economia, a recessão vai manter o varejo no atoleiro em 2016. Com menos dinheiro circulando no mercado, as famílias devem permanecer cautelosas e menos dispostas a gastar. A contaminação dos fundamentos econômicos leva a Tendências Consultoria Integrada a estender as previsões negativas até o fim de 2017.

Para o economista João Morais, da Tendências, não há estímulo para que as famílias consumam. Nem mesmo a injeção de R$ 17 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como lastro dos empréstimos consignados será suficiente para salvar o varejo.

Na opinião do professor Carlos Alberto Ramos, da Universidade de Brasília (UnB), a taxa de desocupação vai alcançar os 10% ainda no primeiro semestre, podendo fechar o ano em 12%. “A deterioração do mercado de trabalho fará as famílias reduzirem os gastos ao que é básico. Não há nada que mude isso a curto prazo”, avalia.

O impacto desse esfriamento na avaliação dos empresários será a queda de investimentos. De 22 médias e grandes empresas, 40% suspenderam completamente a inauguração de lojas em 2016, de acordo com a consultoria GS&BGH. Entre as restantes, cerca de 30% reduziram planos de expansão de pontos comerciais. “Se a intenção de uma rede era abrir 15 lojas, agora vai abrir 10”, exemplifica o sócio-diretor da companhia, Marcos Hirai. Tamanha é a preocupação dos lojistas que o consultor não descarta uma revisão dos números. “Existe uma tendência de a crise se agravar”, afirma.

Defasagem

Hirai explica que a previsão de que 40% dos varejistas devam suspender a inauguração de lojas em 2016 foi fechada ao longo dos últimos quatro meses. “Mas os fundamentos continuam ruins. Sem o estancamento da crise econômica, a perspectiva é de que mais empresas decidam suspender a abertura de lojas”, afirma.

Pressionados pela queda no volume de vendas e pelo aumento de custos com mão de obra, energia elétrica e outros insumos, os lojistas estão fazendo o possível para não fechar as portas. A tarefa, no entanto, é cada vez mais desafiadora. Em janeiro de 2015, 719,3 mil empresas do varejo declaravam algum vínculo empregatício ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS).

 



Veículo: Jornal Diário de Pernambuco


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