Inflação perde fôlego, mas preços altos ainda assustam o consumidor

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A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou fevereiro com alta de 0,9%, o que representa desaceleração frente ao aumento de 1,27% registrado em janeiro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado dos últimos 12 meses a inflação ficou em 10,36%. Apesar do ritmo menor registrado no mês passado, o índice permanece em patamar elevado e distante do centro do sistema de metas fixado pelo governo, de 4,5% ao ano, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Na Grande Belo Horizonte, a inflação oficial recuou da variação de 1,19% em janeiro para 0,99 em fevereiro. No segundo mês do ano, o IPCA sofreu fortemente a influência do comportamento de dois tipos de despesas, a educação e os alimentos. Enquanto a alta nos gastos relativos à educação subiu de 0,31% em janeiro para 5,9% no mês seguinte – reflexo do período de início das aulas – o avanço nos preços da comida caiu pela metade, passando de uma alta de 2,28% para 1,06%.

Assim como os alimentos, também desacelerou a variação de preços de transportes (de 1,77% para 0,62%), puxada pelas passagens aéreas. Por outro lado, subiram os preços das passagens de ônibus urbanos (2,61%), ônibus intermunicipais (2,17%), do etanol (4,22%) e da gasolina (0,55%). “Foi um recuo bastante significativo, ainda mais se observarmos que fevereiro é o mês em que é apropriado o reajuste das mensalidades da educação”, ponderou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. “Mas não significa que os preços caíram. O nível de reajustes nos preços continua alto”, ressaltou.

O setor com maior recuo entre janeiro e fevereiro foi o de habitação, que passou de 0,81% para -0,15%. O IBGE avaliou que a queda está ligada à redução nas tarifas de energia elétrica.Segundo a coordenadora do IBGE, a queda dos preços das passagens aéreas ocorreu por causa da baixa demanda, o que, junto à energia elétrica, resultou numa contribuição de 0,17% para o índice de fevereiro.

“Empresas aéreas tentaram negociar de alguma forma e colocar a questão de grande redução do consumo, junto à pressão menor da energia. As contas de luz tiveram queda de 2,16% em fevereiro, considerando-se a taxa cobrada na bandeira tarifária vermelha, que passou de R$4,50 para R$3 em cada 100 quilowatts consumidos”, explica Eulina.

Segundo análise da coordenadora, apesar de a inflação continuar distante da meta, os números de fevereiro foram positivos. Na contramão da desaceleração, ganharam força os preços da saúde e cuidados pessoais, passando de uma evolução de 0,81% para 0,94%. Houve, também, aumentos no setor de comunicação (de 0,22% para 0,66%), de artigos de residência (de 0,45% para 1,01%) e de vestuário (de -0,24% para 0,24%|). Apesar de haver mais grupos que registraram aceleração em vez de desaceleração, o IPCA não seguiu a tendência de alta porque o peso dessas despesas no cálculo do índice é pequeno.

Novas expectativas

Para 2016, a expectativa dos analistas de bancos e corretoras é de que o IPCA encerre o ano em 7,59%. Caso as projeções se concretizem, o percentual ficará abaixo do registrado no último ano, mas permanece acima do teto de 6,5% do sistema de metas e permanecerá bem distante do objetivo central fixado pela equipe econômica do governo federal.

Para Márcio Milan, analista da consultoria Tendências, houve uma desaceleração em relação à prévia da inflação, medida pelo IPCA-15. “E a tendência é desacelerar mais. O item educação deve sair da conta, porque é concentrado em fevereiro. Isso significa que em março não virá com essa força toda”, afirmou.

Embora com menos força, os preços dos alimentos continuaram subindo, com destaque para a cenoura, com alta de 23,79%, e da farinha de mandioca (11,40%). Entre os produtos com preços em queda, estão o antes vilão da inflação tomate, com recuo de 12,63%, e a batata-inglesa (-5,70%). No ano, o custo de vida está em 2,18%, inferior aos 2,48% acumulados em igual período de 2015. Nos últimos 12 meses, os 10,36% acumulados ficaram abaixo dos 10,71% do período anterior.

Para o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Fabio Bentes, a alta nos preços de produtos alimentícios é resiliente. “A inflação do item alimentação e bebidas tem sido persistente e se mantém acima de 1% ao mês desde novembro de 2015”, ressaltou. Ele observou, que, pelo lado positivo, os preços administrados, que pressionaram a carestia entre 15% e 18% no ano passado, tiveram a menor variação em seis meses em fevereiro, de 0,39%.

 



Veículo: Jornal Estado de Minas - MG


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