Melhora do cenário econômico deve ocorrer em 2017

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                                     A estimativa é do ex-ministro da Fazenda Paulo Haddad, que prevê também cortes de empregos.
 
O Brasil caminha para um cenário de depressão econômica que sugere retrações sucessivas do Produto Interno Bruto (PIB) por um período de cinco a dez anos. Na melhor das hipóteses, em caso de não instalação desse quadro, o País deverá ter uma retomada efetiva do crescimento apenas em 2019, após o consequente fechamento de uma série de empresas e postos de trabalho.

Essa é a visão do ex-ministro da Fazenda Paulo Roberto Haddad, que esteve presente ontem na conferência Rumo da Economia – Retomada do Crescimento, realizada pela Rede TV em parceria com a Petrobras. “É grande a probabilidade de o Brasil ter um período muito longo de decadência da economia”, afirma. Para ele, o mau momento econômico brasileiro tem uma série de explicações, dentre elas políticas equivocadas como o represamento dos preços de combustíveis e energia, por exemplo. Além disso, a crise política e a falta de confiança também seriam entraves para o desenvolvimento do País neste momento.

Para mudar o quadro negativo em que se encontra o Brasil, Haddad acredita que é necessário haver um maior inconformismo por parte da população. Por mais que uma parcela dos brasileiros já esteja demonstrando insatisfação, ele acredita que o governo ainda possui forte apoio popular. Isso seria negativo por reduzir a pressão sobre o governo para que hajam mudanças na política adotada, segundo ele.

 “É grande o número de pessoas que se beneficiam da política compensatória do governo. Além disso, muitas regiões do País ainda estão em desenvolvimento graças ao agronegócio. Por isso, muitos não veem motivos para cobrar do governo mais mudanças”, critica.

O outro ex-ministro da Fazenda, que também participou do evento, Maílson da Nóbrega, concorda que o País necessita passar por mudanças para que retome os trilhos do desenvolvimento. Para 2016, ele espera uma queda de 4% no PIB e uma inflação girando em torno de 7,5%. A tendência é que a taxa Selic fique próxima dos 14% ao ano e o dólar mantenha perto de R$ 4. “Podemos esperar para este ano pelo menos novos três rebaixamentos da nota de crédito do País. Para voltarmos a grau de investimento é um processo que deverá demorar uns dez anos”, afirma.

Em se tratando de futuro, ele também é pessimista, uma vez que a reversão desse quadro negativo deverá ocorrer apenas depois de 2019, na melhor das hipóteses. Apesar disso tudo, Nóbrega acredita que o País poderá sair com uma economia mais forte após a crise. Algumas esperanças para o País são a desvalorização do real, que torna os produtos brasileiros mais competitivos, a estabilidade do sistema financeiro do País, uma boa base industrial, instituições sólidas e a baixa probabilidade de uma crise social. “Mais da metade da população está na folha de pagamentos do governo seja por meio de pensões, aposentadoria, Bolsa Família, ou por serem funcionários públicos. Isso cria uma rede de proteção muito grande para o governo e impede crises sociais”, afirma.

Já o ex-ministro de Turismo Luiz Barreto Filho, um pouco mais otimista, acredita que grande parte da solução para a crise econômica brasileira esteja no desempenho das pequenas e microempresas. “Os pequenos negócios são os que mais empregam no País e que ainda conseguem crescer. Por isso acredito que é preciso ter criatividade para empreender e levar o Brasil para uma melhor situação”, afirma.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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