O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de janeiro teve queda pelo 11º mês seguido. Na comparação com dezembro, o indicador recuou 0,61%, no ajuste sazonal, para 135,85 pontos, o menor patamar desde fevereiro de 2010.
Especialistas apontaram não haver previsão de melhora da atividade econômica para o primeiro trimestre deste ano nem no semestre. A tendência é que os resultados negativos registrados em 2015 se repitam neste ano e perdurem até 2017.
Para Fabrício Pessato, professor de graduação e pós-graduação de economia e finanças da Metrocamp, o "cenário ainda está se desenhando e pode parar de piorar, ou ficar no zero a zero, mas só no segundo semestre de 2016". Ele apontou que empresas ligadas aos bens de consumo não duráveis e semiduráveis, como calçados e vestuário, podem ter uma melhora, enquanto os bens de consumo duráveis continuam apresentando queda até o final do ano.
De acordo com o economista da GO Associados, Luiz Fernando Castelli, no primeiro trimestre a previsão é de que a Agropecuária apresente números positivos, em torno de um crescimento de 2,8%, e no final de 2016 de 1,6%. Já o setor de Serviços deve apresentar queda de 1,3% e a Indústria de 0,6%, fechando o ano respectivamente com -3,4% e -4,6%. "Haverá uma continuação da deterioração da atividade econômica, que deve apresentar estabilidade apenas no último trimestre de 2016", disse.
Segundo Andrew Storfer, diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a recessão da atividade econômica já era esperada desde 2012. "[Naquele ano] já se falava em fazer ajustes em algum momento e isso deveria ter acontecido em 2015, não aconteceu, por isso esses resultados se refletem agora." Como principal fator, o especialista apontou a política fiscal ineficiente, onde o "superávit primário se transformou rapidamente em déficit. Segundo ele, "2017 pode ser um ano de crescimento zero ou com possibilidade negativa".
Os entrevistados ressaltaram também ao DCI a influência índice de confiança, tanto dos empresários quanto das famílias, que está muito baixo. "Hoje, temos um cenário menos propício para novos negócios porque o mercado financeiro absorve essa informação [de resultados negativos] antes do consumidor comum e a tendência é que os investidores comecem a congelar investimentos, pensando que o cenário vai se agravar. Isso, em um segundo momento, chega às pessoas físicas, diminuindo assim, o poder aquisitivo e consumo", afirmou Pessato.
Desta forma, para o Produto Interno Bruto (PIB) acumulado deste ano - oficialmente divulgado pelo IBGE -, o mercado financeiro espera uma retração de 3,54%, de acordo com o relatório Focus divulgado ontem pelo BC. Foi a oitava revisão seguida dos analistas consultados pela autoridade monetária. Na semana passada, a projeção era de diminuição de 3,50% do PIB.
Veículo: Jornal DCI