Avanços no combate à inflação podem aumentar preços, diz BC

Leia em 3min 10s

O Banco Central (BC) considera que houve avanços no combate à inflação, mas ainda há riscos no processo de combate à alta dos preços.

A avaliação consta da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada hoje (5).

Um dos riscos está relacionado ao processo de recuperação das contas públicas e sua composição.

O comitê ressalta que indefinições e alterações significativas na trajetória de geração de resultados primários (receitas menos despesas, excluídos gastos com juros) contribuem para gerar uma percepção negativa sobre a economia brasileira e impactam negativamente as expectativas de inflação.

“Sobre o combate à inflação, o comitê destaca que a literatura e as melhores práticas internacionais recomendam um desenho de política fiscal consistente e sustentável, de modo a permitir que as ações de política monetária sejam plenamente transmitidas aos preços”, disse.

Outro risco apontado pelo Banco Central é que o processo de realinhamento dos preços externos em relação aos internos e dos livres em relação aos administrados mostrou-se mias demorado e intenso do que o previsto. Esse realinhamento de preços foi um dos principais fatores que causaram a alta da inflação em 2015.

“Adicionalmente, remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial”, acrescentou o comitê.

Selic

O Copom reafirmou que adotará medidas necessárias para que a inflação fique dentro do limite superior da meta este ano, 6,5%, e para fazer convergir para o centro da meta de 4,5%, em 2017. Neste contexto, reiterou o comitê, não há espaço para redução da taxa básica de juros, a Selic.

No dia 27 de abril, o Copom manteve a taxa Selic em 14,25% ao ano, pela sexta vez consecutiva.

Embora ajude no controle dos preços, o aumento ou a manutenção da taxa Selic em níveis elevados prejudica a economia. É que os juros altos intensificam a queda na produção e do consumo.

A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.

Em abril, depois de quatro meses com taxa de dois dígitos, a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), voltou a fechar o acumulado de 12 meses em um dígito.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA fechou os 12 meses encerrados em março em 9,39%, depois de ter fechado fevereiro em 10,36%.

Na avaliação do Copom, a inflação em doze meses ainda está em patamar elevado, “reflexo dos processos de ajustes de preços relativos [administrados em relação aos livres e externos em relação aos internos] ocorridos em 2015, bem como do processo de recomposição de receitas tributárias observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano, e que fazem com que a inflação mostre resistência”.

“Ao tempo em que reconhece que esses processos têm impactos diretos sobre a inflação, o comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes”,acrescentou.

Para instituições financeiras, o IPCA deve fechar este ano em 6,94%.

Projeções

O Copom projeta reajuste médio de 19% nas tarifas de água e esgoto, de 12,8% nos preços dos medicamentos e redução de 3,2% nos preços da energia elétrica, consideradas as alterações anunciadas relativamente a bandeiras tarifárias.

Para o conjunto de preços administrados por contratos e monitorados, a estimativa é de variação de 6,8% este ano, ante a projeção de 5,9%, considerada em março. Para 2017, o Banco Central projeta variação de 5% nos preços administrados, mesmo valor considerado em março.

 



Veículo: Site Exame


Veja também

IPCA de BH cai para 0,58%

Em desaceleração, o custo de vida subiu 0,58% em Belo Horizonte no mês passado, com base no Í...

Veja mais
Inflação para famílias com renda mais baixa chega a 0,69% em abril

O Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que mede a inflação para famíli...

Veja mais
Recessão econômica se intensifica e quantidade de empregadores diminui

O número de empregadores diminuiu 8,6% em um ano no Brasil: 351 mil pessoas tiveram que fechar ou reduzir seus em...

Veja mais
Mercado reduz estimativa da inflação para 2016 pela oitava vez

A projeção de instituições financeiras para a inflação este ano foi reduzida p...

Veja mais
Queda da inflação ajuda a administração da dívida

À medida que mais agentes econômicos se convencem da perda de força da inflação, a adm...

Veja mais
Projeção do IPCA para 2016 cai de 6,98% para 6,94% na pesquisa Focus do BC

A mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2016 ...

Veja mais
Projeção para Selic no fim de 2016 fica mantida em 13,25% na pesquisa Focus do BC

O mercado financeiro manteve a expectativa para a taxa básica de juros da economia para este ano. O Relató...

Veja mais
Para mercado, agenda precisa ser objetiva

                       Economistas afirm...

Veja mais
Inflação encerra abril com alta de 0,49%

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) encerrou abril com alta de 0,49% em sete capitais. A vari...

Veja mais