Índice acelerou para 0,86% na primeira quinzena de maio, ante 0,51% em abril.
A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), uma prévia da inflação oficial, foi a mais elevada dos últimos 20 anos para um mês de maio. A alta foi de 0,86%, após avanço de 0,51% em abril. Ainda assim, a avaliação de especialistas é que o indicador não preocupa, porque as motivações foram pontuais e não devem se repetir.
“Não é uma inflação pautada no aumento da demanda. O mercado de trabalho não permite isso. Por isso não chega a influenciar a política econômica e as decisões do Banco Central”, afirmou o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz. Se a inflação tivesse sido causada pelo aquecimento do consumo, o governo poderia intervir, aumentando a taxa de juros. Mas, segundo o economista, isso não deve acontecer. A tendência, projeta ele, é que a taxa se mantenha nesse patamar até o fim do mês.
Braz argumenta que, em maio, fatores passageiros levaram ao avanço da inflação: o fim do programa de incentivo à redução do consumo de água em São Paulo, que impactou o item taxa de água e esgoto (9,03%) em 0,13 ponto porcentual; o aumento do imposto do cigarro, que teve o preço elevado em 3,7%; o reajuste dos remédios, de até 12,5%, dos quais 6,5% entraram neste mês; e a alta do grupo de alimentação e bebidas, de 1,03%, por causa dos legumes e verduras.
Nenhuma dessas influências deve permanecer, segundo ele. Mesmo os preços dos alimentos tendem a se manter estáveis neste e no próximo mês, por conta do clima mais frio e favorável, de pouco impacto nas pequenas lavouras que abastecem as cidades de produtos in natura.
Luz amarela - Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, a taxa de maio representou um “deslocamento de preços”, que pode acender uma luz amarela para o Banco Central. Apesar disso, ele aposta em um corte da taxa básica de juros, a Selic, mas apenas em outubro. Ele considera que a diretoria do BC, que deve ser alterada com a mudança do governo, deve esperar um alívio dos preços para baixar os juros. “A inflação de maio pelo IPCA-15 subiu muito forte, mas não vai desviar a trajetória de queda ao longo do ano”, previu Perfeito.
Já o economista para mercados emergentes da Capital Economics, Edward Glossop, destacou a aceleração do índice acumulado em 12 meses, de 9,3% para 9,6%, em relatório distribuído a clientes. Assim como Perfeito, ele acredita que, com o patamar elevado da inflação, o esperado é que Ilan Goldfajn, nome indicado pelo governo de Michel Temer para substituir Alexandre Tombini na presidência do BC, seja cauteloso e postergue para o quarto trimestre o corte da Selic.
“Continuamos com a visão de que Goldfajn deverá adotar uma abordagem um pouco mais cautelosa e deverá esperar para ver uma queda mais sustentável da inflação antes de reduzir as taxas de juros”, apontou.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG