PIB pode crescer até 2,1% em 2017

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Num país acuado pela recessão e pelo desemprego, qualquer sinal de possível melhora faz a diferença. E a simples troca da equipe econômica pelo presidente em exercício, Michel Temer, fez abrir uma faixa de luz num horizonte turbulento. Não por acaso, vários analistas de mercado já veem crescimento levemente maior do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. Tudo são projeções, mas que funcionam como estímulo para um Brasil movido pelo pessimismo.

Os economistas são enfáticos. Para este ano, o quadro já está dado, independentemente do que a equipe chefiada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, venha a fazer. A contração do PIB se manterá até pelo menos o terceiro trimestre e as demissões infernizarão a vida das famílias. A travessia até 2017 exigirá paciência e sangue-frio. Se o time de Temer não recorrer a estripulias, será possível botar a cabeça para fora do atoleiro e respirar.

“A percepção é de que a parte mais aguda do problema político foi superado, e que nós podemos voltar a discutir a economia”, avalia Evandro Buccini, economista-chefe da Rio Bravo Investimentos, que fará a revisão de seus números apenas no próximo mês. “O viés é de alta para 2017”. Na avaliação dele, a disposição do governo de fazer um ajuste fiscal consistente, assumindo um rombo maior nas contas públicas, de R$ 170,5 bilhões, dá ânimo novo a empresários e investidores.

Para o economista-chefe da Quantitas Asset Management, Ivo Chermont, a mudança de chave do pessimismo para otimismo, ainda que comedido, se deve, basicamente, ao anúncio da equipe econômica. “Os nomes anunciados são bons”, frisa. Ele ressalta que o pequeno crescimento do próximo ano, algo como 0,6%, será proporcionado pela melhora da confiança, em um ambiente que vai se aproveitar de uma base muito deprimida de comparação. Em 2015, o PIB tombou 3,8% e deve ter queda semelhante neste ano.

Quando empresários e consumidores acham que as coisas vão melhorar, a tendência é de que se concretize, de fato, uma mudança positiva. Buccini reconhece, porém, que há divergências consideráveis entre os colegas que já traduziram o otimismo para 2017 em números. A mudança mais radical foi a do Credit Suisse, que saiu de uma queda de 1% do PIB – seria a terceira consecutiva – para alta de 0,5%. A aposta do banco é de melhora do trânsito político do novo governo, o que permitirá a aprovação de matérias que ajudem a governabilidade.

Há, no mercado, ceticismo quanto às chances de avanço da reforma da Previdência e de outras mudanças estruturais. Mas argumenta-se que já seria de grande valor a aprovação de medidas mais corriqueiras, como a Desvinculação das Receitas da União (DRU), que permitiria realocar até 30% dos recursos que hoje têm destinação obrigatória. Isso facilita o corte de despesas do Orçamento sem provocar o colapso de serviços públicos.

Discrepâncias O Banco Fibra tem a previsão mais favorável entre as já divulgadas, de alta de 2,1% para o PIB em 2017, tendo saído de um incremento de 1%, que já estava acima da média do mercado. O boletim Focus, do Banco Central, prevê alta média de 0,5%. Na visão do economista-chefe do Fibra, Cristiano Oliveira, indicadores da indústria, comércio e serviços sugerem que os empresários acham que “o pior já passou”, e preparam-se para a retomada.

O Morgan Stanley elevou de 0,6% para 1,1% a projeção de crescimento no ano que vem. Para a instituição, em 2016, em vez de o PIB recuar 4,3%, cairá, agora, 3,8%, ficando em linha como a maior parte do mercado. A taxa básica de juros (Selic), por sua vez, baixará de 14,25% para 13,25% até o fim deste ano, com a “maior das políticas econômicas para os próximos trimestres”, na análise do economista-chefe da instituição, Arthur Carvalho.

Para Buccini, a volatilidade nas estimativas se deve à diferença de peso que cada analista atribui ao endividamento das empresas e das pessoas. Ele acha que isso não é tão alto quando alguns imaginam, pelo histórico de alavancagem da maior parte das companhias. O economista admite, contudo, que é difícil ter uma noção nítida disso a partir dos dados disponíveis, limitados a empresas com ações negociadas em bolsa. Analistas de grandes bancos podem ter uma visão um pouco mais clara, a partir dos dados das carteiras de créditos das próprias instituições.

Do Bradesco já veio uma revisão para cima do número de 2017. Subiu pouco: apenas 0,2 ponto. Saiu de 1,3% de alta para 1,5%. O economista-chefe da instituição, Octavio de Barros, atesta que a pesquisa mensal que a equipe faz com 4 mil empresas demonstra que os pedidos em carteira pararam de se reduzir e que os estoques começam a se contrair, o que indica a necessidade de produzir mais.

 



Veículo: Jornal Estado de Minas - MG


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