Em relatório, mercado indica inflação e taxa Selic mais elevadas neste ano

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Avanço dos preços nos últimos meses levou a aumento das previsões para IPCA e taxa básica de juros; especialistas também esperam retração menor do PIB brasileiro e câmbio mais valorizado

 


Os analistas do mercado financeiro projetam que a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), chegará a 7,19% no final de 2016. Já a previsão para a taxa básica de juros, a Selic, subiu para 13% ao ano.

No Relatório Focus anterior, divulgado na semana passada pelo Banco Central (BC), a mediana das projeções indicava IPCA em 7,12% e Selic em 12,88% ao ano no final de 2016. Porém, resultados mais elevados dos recentes indicadores de preços alteraram as estimativas.

Segundo Sérgio Bessa, professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), as duas mudanças no Focus estão relacionadas. "Existe um apontamento de que a inflação vai subir mais neste ano e o instrumento que o BC tem para combatê-la é a taxa de juros. Por isso o desenho de uma Selic maior", explicou.

Para Eduardo Mekitarian, professor de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), o avanço dos preços ainda não está controlado. Ele disse acreditar que Ilan Goldfajn, que assumiu ontem a presidência do BC, fará administração "mais rigorosa" da Selic para segurar a inflação.

O relatório mostrou, ainda, expectativas iguais às da semana passada para o ano que vem. Os analistas do mercado financeiro apontaram para IPCA em 5,50% e Selic em 11,25% no final de 2017.

Já os especialistas top 5, que mais acertaram previsões, indicaram cenários diferentes. Para o final de 2016, o grupo projetou IPCA em 7,34% e Selic em 13,75%. Na semana passada, a estimativa era de inflação em 7,13%. O desenho para a taxa de juros não mudou no período.

Atividade econômica


No caso do Produto Interno Bruto (PIB), os analistas consultados pela autoridade monetária melhoraram as expectativas para a atividade econômica ao neste ano. Os especialistas apostaram, agora, em retração de 3,60% da atividade econômica no acumulado de 2016, frente a 3,71% esperados na semana passada. Há um mês, era esperada retração de 3,88% para a atividade econômica neste ano.

O resultado do PIB no primeiro trimestre, superior às estimativas de grande parte do mercado, causou a mudança no relatório, disse Bessa.

"Qualquer evolução, ainda que pequena, já faz com que falem em um decréscimo menor do que o esperado antes. Isso é natural, inclusive porque já batemos no fundo do poço".

Para Mekitarian, a "estabilização política" explica o avanço das estimativas quanto ao PIB. O professor mencionou também a expectativa quanto a medidas do ajuste fiscal.

"O [ministro da Fazenda Henrique] Meirelles deve emplacar medidas importantes, como a desvinculação das receitas da união, a reforma da previdência e redução dos gastos públicos. Com isso, é esperado um avanço maior da confiança e da economia neste ano", afirmou. As projeções para 2017 avançaram nesta semana. Segundo analistas de mercado, o PIB deve crescer 1% ano que vem. A última aposta indicava aumento de 0,85%. Também foram alteradas as perspectivas para a taxa de câmbio em 2016. A previsão é de real mais valorizado no final do ano, com o dólar sendo comprado por R$ 3,65. Semana passada, a projeção indicava R$ 3,68 pela moeda norte-americana, segundo o Focus.

Ilan assume o BC

Ao assumir o cargo de presidente do BC, Ilan Goldfajn afirmou que irá perseguir o centro da meta para a inflação, estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). De acordo com o executivo, os limites de tolerância a esse alvo central devem ser utilizados apenas para acomodar choques inesperados na dinâmica de preços.

"Terei como objetivo cumprir plenamente a meta de inflação determinada pelo CMN, mirando o seu ponto central. Os limites de tolerância servem para acomodar choques imprevistos que não permitam retorno ao centro da meta em tempo hábil", discursou. "O único alvo a ser perseguido é o centro do intervalo", disse.

Goldfajn avaliou que é importante realizar um trabalho de gerenciamento de expectativas que indique, no presente, a convergência para o centro da meta em um futuro não muito distante. "É relevante que a trajetória de convergência seja ao mesmo tempo desafiadora e crível. A comunicação do BC com a sociedade precisa ser simples, direta e concisa. Precisa também deixar claras as condições necessárias para as perspectivas apresentadas", completou.

Já o ex-presidente do BC, Alexandre Tombini, criticou a condução da política fiscal do governo da presidente afastada Dilma Rousseff. Segundo o executivo, a gestão foi uma das "forças inflacionárias" enfrentadas durante os anos em que ele ficou à frente BC.




Veículo: DCI


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