Para Abilio Diniz, a retomada do Brasil não está longe.
O bilionário de 79 anos, um dos empresários mais conhecidos do país, acha que o Brasil está “em liquidação” e que os investidores vão se animar a fechar negócios quando a economia der sinais de melhora.
As principais oportunidades estão em agronegócios, serviços e tecnologia da informação, disse ele em entrevista em Atibaia, no estado de São Paulo.
Abilio está aproveitando para entrar nos setores nos quais enxerga preços baixos.
O escritório de investimentos da família de Diniz, Península Participações, entrou no grupo de controle da empresa de venda de vinhos pela internet Wine.com.br no mês passado. No início do ano, ele voltou às origens da família ao adquirir a rede de padarias Benjamin Abrahão com o amigo bilionário Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em US$ 31 bilhões. As condições de ambas as transações não foram reveladas.
O otimismo ecoa um discurso que ele fez em Nova York, em novembro passado, quando disse que o Brasil estava “muito barato para os investidores estrangeiros”.
Desde então, o Ibovespa subiu 39 por cento em dólares, segundo melhor desempenho do mundo de um índice acionário de referência. O real se valorizou 21 por cento desde o começo do ano.
“Está todo mundo olhando para botar seu dinheirinho e agora não é dinheiro da carteira, agora é talão de cheque, tíquete grande”, disse Diniz. “Se nós entrarmos para um processo de inclinação positiva da economia, você vai ver a quantidade de dinheiro que vai vir”.
Diniz construiu sua fortuna estimada em US$ 3 bilhões com supermercados, transformando a padaria fundada por seu pai na maior rede de varejo do país, a -- que ele posteriormente tentou, sem sucesso, combinar com o Carrefour SA.
A tentativa fracassada resultou em conflitos com a sócia Casino Guichard-Perrachon e na saída de Abílio da Companhia Brasileira de Distribuição, que opera a rede de supermercados Pão de Açúcar.
Após deixar a empresa, em 2014, ele se tornou presidente do conselho da BRF, a maior fabricante de alimentos processados do Brasil, e neste ano superou a Colony Capital como terceiro maior acionista do Carrefour.
O bilionário disse que o Carrefour, que tem sede nos arredores de Paris, está se saindo “muito bem” no Brasil.
De fato, as vendas maiores que o estimado na região melhoraram os resultados da empresa francesa. Mas de uma forma geral, o varejo ainda não se recuperou no Brasil.
As vendas dos supermercados caíram 2,1 por cento em maio, segunda queda seguida, e a economia deverá encolher 3,5 por cento neste ano após um declínio de 3,8 por cento em 2015.
Diniz não está tão otimista quanto a alguns outros setores, como o industrial.
“O Brasil perdeu o timing para a indústria”, disse ele. “O país precisa se concentrar nos setores nos quais é dominante. Há mais coisas na tecnologia da informação do que podemos imaginar”.
Contudo, Diniz diz que a confiança aumentará junto com as expectativas, trazendo novos investimentos.
Os dois anos de crescimento econômico negativo e a crise política que levou ao afastamento da presidente Dilma Rousseff tiveram seu custo para as empresas brasileiras. Os pedidos de recuperação judicial dobraram para 184 em maio após subirem 55 por cento no ano passado, segundo a provedora de dados de crédito Serasa Experian.
Neste mês, a operadora de telecomunicações Oi entrou com o maior pedido de recuperação judicial da história do Brasil, com cerca de US$ 20 bilhões em dívidas.
“Situação financeira das empresas, por tudo aquilo que ouvi, é complicada? É. É um desastre? De jeito nenhum. Dá para administrar”, disse Diniz. “Não é uma catástrofe. Eu odeio esse pensamento catastrófico”.
Veículo: Varejista.com.br