O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do mês de junho fechou em 0,35%, menos da metade de maio, cuja variação foi de 0,78%. Os resultados foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No acumulado de 12 meses, o índice oficial de inflação no País somou 8,84% – desaceleração de 0,48 p.p. (ponto percentual) na comparação com o período de um ano encerrado em maio e de 0,05 p.p. em relação a junho de 2015.
No semestre, o IPCA acumulou 4,42% – 1,75 p.p. abaixo do registrado nos seis primeiros meses de 2015 (6,17%).
A economista Juliana Inhasz, professora da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), explica que, por um lado, a queda na inflação é positiva, pois melhora o ânimo dos investidores nacionais e estrangeiros, que passam a confiar mais no trabalho da equipe econômica do governo no sentido de combater a elevação dos preços.
“Por outro lado, a crise fez com que as pessoas diminuíssem a procura por bens e serviços. Quando a demanda é inferior à oferta, naturalmente ocorre uma queda nos preços. Ou seja, a recessão está fazendo o papel sujo dela”, explica.
Com a desaceleração da inflação, a tendência é de que volte a ganhar força o debate sobre a necessidade de o BC (Banco Central) iniciar um processo de redução dos juros. Desde julho do ano passado, a taxa básica, a Selic, está fixada em 14,25% ao ano. Na opinião da professora, o cenário atual já possibilita uma queda gradativa, mas faz ressalvas. “A taxa de juros como instrumento de controle de inflação é muito efetiva quando a inflação parte da demanda, ou seja, quando as pessoas consomem demais e a oferta não acompanha a elevação da procura. Porém, a nossa inflação não vem de demanda, e sim da pressão provocada nos últimos meses pelos aumentos nos preços dos combustíveis e das tarifas administradas pelo governo (como água e energia elétrica, por exemplo).”
Ela reconhece, entretanto, que se a redução dos juros for feita de maneira muito intensa e em curto período, poderá haver uma ‘fuga’ de investidores, já que esses considerariam o País menos atrativo em razão da diminuição da rentabilidade das aplicações no mercado financeiro.
A especialista avalia que o Brasil deve fechar o ano de 2016 chegando perto do teto da meta estabelecida pelo BC, de 6,5%. O Relatório Focus, que reúne as expectativas dos analistas para o cenário econômico nacional, prevê prevê que o IPCA acumule 7,27% no período de 12 meses encerrado em dezembro. Para 2017, a projeção é de 5,43% – percentual já dentro da banda, mas que ainda é 0,93 p.p. superior ao centro da meta, que é de 4,5%. Em 2015, o índice fechou em 10,67%.
INPC
Também medido pelo IBGE, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulou 9,49% no período de 12 meses encerrado em junho – alta de 0,18 p.p. ante a mesma época de 2015. O indicador é utilizado como referência para o cálculo do salário mínimo.
Alimentos puxaram aumentos no mês
Os alimentos puxaram a inflação no mês, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os preços do grupo subiram 0,71% em junho, o que representou impacto de 0,18 p.p. (ponto percentual) no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Em 12 meses, os produtos alimentícios subiram 12,83% no País.
O grande vilão do segmento foi o feijão-carioca, que encareceu 41,78% no mês. Em 12 meses, a alta foi de 105,26% – ou seja, o preço mais que dobrou.
O segundo grupo que mais pesou na composição do índice de junho foi o de habitação, com alta de 0,63%. As taxas de água e esgoto foram responsáveis pelo aumento: subiram, em média, 2,64% no mês em todo o País. Em 12 meses, a elevação foi de 24,09%.
O grupo de transportes foi o único que teve deflação em junho foi o de transportes: -0,53%. Em 12 meses, entretanto, o segmento registra alta de 6,34%. Nessa área, as passagens aéreas ficaram 4,56% mais baratas no mês. Entre julho de 2015 e o mês passado, a queda é ainda maior, de 21,17%.
ESTADOS
Em São Paulo, o IPCA variou 0,41% no mês – 0,06 p.p. a mais do que o índice geral. Em 12 meses, a inflação no Estado acumulou 9%, enquanto a média nacional foi de 8,84%.
Veículo: Diário do Grande ABC