Crédito para produzir e baratear alimentos

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Importações estão sendo feitas para sanar falhas no abastecimento


 
A alta dos preços dos alimentos tem sido uma das principais fontes de pressão sobre a inflação em 2016 e não se pode dizer que isso se deve apenas a fatores sazonais. Condições climáticas desfavoráveis, de fato, afetaram seriamente a oferta interna de alimentos essenciais na mesa do brasileiro, como o feijão e, mais recentemente, o arroz, cuja safra foi afetada pelas chuvas que provocaram grandes perdas nas lavouras do Sul do País. A isso se acresce uma forte demanda internacional por commodities exportadas, como soja e milho, que afetaram os preços das rações e, por consequência, os preços de leite, carnes e ovos.
 
Importações estão sendo feitas para sanar falhas no abastecimento, embora, como no caso do feijão, haja escassa oferta no mercado internacional. A solução, claro, é estimular a produção e, nesse sentido, uma medida oportuna foi tomada pelo Banco do Brasil (BB) há dias. No momento apropriado, quando os produtores tomam as decisões de plantio da safra 2016/2017, o BB anunciou que colocará à disposição R$ 101 bilhões para o financiamento da agropecuária, sendo 93% dos recursos a taxas inferiores às de mercado.
 
O BB responde por 61% do crédito agrícola no País e é significativo notar que o total previsto é 10% superior ao desembolsado na safra anterior. Do total, R$ 91 bilhões devem ser destinados a produtores e cooperativas e R$ 10 bilhões a empresas do agronegócio. Se crédito não deve faltar, os bons preços atualmente praticados funcionarão como incentivo para produzir.
 
Evidentemente, o volume da produção vai depender das condições climáticas. Mas, se os estímulos agora oferecidos forem suficientes e, assim, permitirem que as colheitas levem à redução ou à estabilidade dos preços de alimentos diversos, isso contribuirá para conter a inflação, abrindo mais espaço para a redução da taxa básica de juros.
 
Além disso, haverá um efeito psicológico importante. O consumidor tem-se assustado ao ir às compras nos supermercados e se deparar com a disparada dos preços dos alimentos, e não sem razão. Os cálculos correntes no mercado são de que a inflação apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pelo IBGE deve fechar este ano em torno de 7%, enquanto os preços dos alimentos devem subir 11%.
 
Se a alimentação ficar mais barata, a política econômica do governo ganhará, sem dúvida, mais credibilidade junto à população.
 
Veículo: Portal Estadão


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