Para não perder vendas, varejistas apostam em tecnologia de pagamento

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Dificuldade imposta pela instabilidade leva micro e pequenos comerciantes a investir nos meios eletrônicos para facilitar o fluxo de vendas e operadoras começam a reduzir custos da transação



São Paulo - Em tempos de crise vale tudo para não perder a venda. Pequenos e médios varejistas buscam novas soluções e apostam cada vez mais em tecnologias de pagamento eletrônico, impulsionando as negociações com operadoras e conseguindo até reduzir o preço da operação das "maquininhas", considerado um dos maiores empecilhos pelos pequenos comerciantes.

Os varejistas já contam com o apoio de operadoras de cartão, empresas de pagamento eletrônico e de tecnologia, que trabalham para baratear esse acesso aos lojistas. Essa demanda vem ajudando a reduzir os custos dessa operação e atraindo empresas que oferecem novas opções aos donos de estabelecimentos.

Especializada em tecnologia para captura de pagamentos, a Cappta garante terminais eletrônicos, além de propor também a negociação entre varejista e operadoras financeiras para que as taxas cobradas por transação sejam as menores possíveis. "Entramos em contato com a adquirente em que o comerciante é cadastrado e negociamos condições mais vantajosas para ele. Com isso, ele consegue reduzir em até um terço suas despesas com taxas e aumentar sua margem de lucro em até 10%", garante o CEO da Cappta, Eduardo Vils.

Na visão do empresário, a tendência é que em épocas de crise como a atual o consumo de crédito por parte das famílias cresça pela necessidade de parcelar as despesas. "Os varejos precisam contar com uma ferramenta de gestão de recebíveis", orienta.

Segundo um estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o custo médio da operação por cartão (tarifa média de 5% e aluguel do aparelho) equivale a cerca de 30% da margem de lucro de um pequeno varejista.

"Apesar da redução, com operadoras oferecendo opções mais em conta, sempre vai haver um custo envolvido na operação das 'maquininhas'. Entretanto, o meio de pagamento eletrônico oferece uma série de vantagens para esse negócio", explica o presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP, Pedro Guasti.

Entre as vantagens mencionadas por ele, estão questões de segurança, já que a transação não envolve valores físicos, além de evitar operações fraudulentas como a de cheques sem fundos.

"Ele também diminui a necessidade de oferecer troco em dinheiro, possíveis roubos, e pode evitar perder uma venda por não oferecer a possibilidade do consumidor pagar com seus cartões ou até parcelar a compra", diz.

Um levantamento da empresa de sistemas de gestão on-line para empreendedores Conta Azul revelou que uma quantidade expressiva de pequenos e médios negócios no Brasil começou a sinalizar "Outros" como os meios de pagamento de preferência, o que na visão da entidade pode significar uma tendência de mudança de hábito que favorece as novas tecnologias nessa área.

Democratização da máquina

Foi de olho nessa onda que, ainda em 2013, a PagSeguro, do UOL, anunciou o lançamento de sua primeira "maquininha" física, batizada de Moderninha, que funcionava apenas via transmissão de dados (GPRS).

Neste ano, houve a primeira renovação do aparelho, que agora é vendido com conexão à internet via wireless (wi-fi).

"Nós fomos a campo observar como o nosso sistema estava funcionando e percebemos que os varejistas, principalmente em shoppings e regiões mais afastadas, enfrentavam problemas de conectividade para receber o sinal de dados. Com a versão wi-fi, oferecemos uma opção para que ele evite perder vendas por esse problema", conta o diretor de inovação, produtos e marketing do PagSeguro, Davi Holanda.

A melhora do sistema de conexão gerou resultado. De acordo com Holanda, atualmente 60% das transações via "Moderninha" são realizadas através da transmissão de dados por sinal das operadoras, enquanto os outros 40% são por wi-fi.

Ainda segundo o diretor, a crise ajudou a companhia a disseminar o uso do aparelho.

"Sempre preferimos trabalhar em um ambiente de ascensão, mas a crise nos ajuda porque força os estabelecimentos a pensarem em aumentar seu fluxo de clientes e elevar seu nível de vendas. Isso os leva a conhecer meios de pagamentos que vão ajudá-lo a ampliar suas oportunidades", afirma.

Sem abrir números de faturamento ou base de clientes, a PagSeguro garante que a "Moderninha" tem feito sucesso entre os pequenos empreendedores e que sua penetração no setor é bastante abundante.

O recém-lançado sistema SamsungPay (via smartphone), já aceito por bandeiras como Mastercard, será adaptado também para a "Moderninha" em breve pela PagSeguro, que diz precisar fazer apenas ajustes.

Nos últimos dez anos, o uso de cartões para pagamentos cresceu 368%, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). No mesmo período, as transações realizadas via cheques retraíram 12,2%. Ainda de acordo com a Abecs, no Brasil, os pagamentos com cartões representaram 28,4% do consumo das famílias no 1º trimestre deste ano, contra 27,1% no mesmo período do ano passado.

Veículo: DCI


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