Inflação mais alta e crescimento menor

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Brasília – O Relatório de Mercado Focus divulgado ontem, trouxe projeções fechadas após os três principais eventos da semana passada: a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em reação a esses fatores, os economistas do mercado mantiveram suas projeções para a inflação em 2016 e reduziram levemente as expectativas para 2017. A mediana das estimativas para este ano do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permaneceu em 7,34%. Há um mês, estava em 7,20%. Para o próximo ano, a expectativa caiu de 5,14% para 5,12%. Um mês antes, estava em 5,14%. Tanto para 2016 quanto para 2017, a meta de inflação perseguida pelo Banco Central é de 4,5%, com margem de tolerância, respectivamente, de dois pontos percentuais e 1,5 ponto percentual.
 
No comunicado que acompanhou a decisão do Copom na quarta-feira, dia 31, que manteve a Selic (taxa básica da economia) em 14,25% ao ano, o colegiado condicionou o corte de juros a três fatores que “permitam maior confiança no alcance das metas para a inflação”: a limitação do choque dos preços dos alimentos, a desinflação de itens do IPCA em velocidade adequada e a redução das incertezas sobre o ajuste fiscal. No relatório Focus, entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, as medianas das projeções para este ano melhoraram, passando de 7,45% para 7,42%. Para 2017, permaneceram em 5,25%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de, respectivamente, 7,20% e 4,97%.
 
Em relação aos preços administrados não houve alteração. A mediana das previsões do mercado financeiro para esse indicador este ano seguiu em 6,20%. Para o próximo ano, a mediana permaneceu indicando alta de 5,30%. Há um mês, o mercado projetava aumento de 6,20% para os preços administrados em 2016 e elevação de 5,30% em 2017. O BC contava com forte desinflação desse segmento para levar o IPCA para o intervalo de 4,5% a 6,5% em 2016 – uma perspectiva que vai ficando distante, pelos dados do Focus. Atualmente, a instituição projeta variação de 6,6% para os preços administrados em 2016 e de 5,3% para 2017.
 
O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) também estima que a inflação medida pelo IPCA seja de 7,5% em 2016. Segundo Salomão Quadros, superintendente adjunto da Superintendência de Preços (Supre) do Ibre, o ritmo de queda tende a se acelerar no fim do ano devido ao “arrefecimento dos choques de oferta do último ano”. O especialista explica que a correção dos preços administrados, a desvalorização cambial e as adversidades climáticas influenciaram na alta da inflação no último ano, porém, seus efeitos já foram absorvidos.
 
“Parece que três choques fortes já diminuíram bastante, e efeitos já foram absorvidos. Agora, além de ter demanda enfraquecida, que vinha antes disso, você tem à frente um caminho um pouco mais desimpedido para a redução de inflação”, diz. A expectativa do Ibre/FGV para a inflação da alimentação em domicílio é de 12,7%; dos serviços fica em 7,2%; dos preços administrados, 6,1%; e dos demais bens de consumo, de 5,8%.
 
Crescimento A pesquisa Focus desta semana mostrou mudanças, para pior, nas projeções para a atividade no país em 2016. Pelo documento, as estimativas para o PIB este ano indicaram retração de 3,20%, ante os 3,16% projetados uma semana antes. Há um mês, o mercado previa uma queda de 3,23%. Para 2017, o cenário é um pouco melhor, com perspectiva de PIB positivo. O mercado previu para o país um crescimento de 1,30% no próximo ano, acima da alta de 1,23% projetada uma semana antes. Há um mês, estava em 1,10%.


Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB brasileiro recuou 0,6% no segundo trimestre de 2016, ante o primeiro trimestre, e teve retração de 3,8% ante o segundo trimestre de 2015. No primeiro semestre, o PIB acumulou baixa de 4,6% e, em 12 meses, recuo de 4,9%. Em junho, o BC informou no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) que sua nova estimativa para o PIB deste ano era de retração de 3,3%, ante baixa de 3,5% vista na edição anterior do documento. No caso de 2017, a projeção do Ministério da Fazenda é de 1,6% de crescimento. Essa nova estimativa consta no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), apresentado ao Congresso no fim de agosto.
 
Fonte: Jornal Estado de Minas


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