Compras de última hora lotam ruas

Leia em 5min 20s

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC

 

O comércio popular de rua do Grande ABC ficou tomado pelos consumidores ontem, antevéspera de Natal. Os calçadões estavam bastante movimentados, algumas lojas ficaram cheias, outras nem tanto. Isso porque os moradores da região gastaram a sola do sapato na busca pelo presente que coubesse no seu bolso, e nem o sol forte inibiu as compras de última hora. Na carteira, os clientes já traziam o dinheiro certo para gastar, já que a grande maioria priorizou o pagamento à vista.

As vendas de Natal devem elevar em 15,5% o faturamento dos comércios centrais, em comparação com os demais meses do ano. No entanto, em relação à mesma data em 2015, não deverá haver crescimento nem retração, mas empate, segundo projeção do diretor da Sol (Sociedade Oliveira Lima) e proprietário da loja Vila Rica Jóias, de Santo André, Djalma Lima.

"A estabilidade não é tão ruim frente ao momento econômico. Para estimular, a Sol, com 280 lojistas, lançou uma promoção. As compras geram cupons e os consumidores concorrem a prêmios", conta Lima. O tíquete médio dos gastos natalinos deve variar entre R$ 50 e R$ 100.

A técnica de enfermagem Adriana de Barros, 45 anos, foi até a Rua Marechal Deodoro, em São Bernardo, para comprar seus presentes de Natal. Neste ano, a economia foi grande. "Em Natais passados, destinava a quantia de R$ 800 com os presentes à família. Neste ano, separei apenas R$ 300, e deu para comprar tudo. A economia foi resultado, principalmente, de trocar os brinquedos das crianças, que já não são tão pequenas, por roupas".

A dona de casa Pamela Deodato, 29, de Diadema, foi até São Bernardo acompanhada por três dos quatro filhos para fazer as compras de última hora. Neste ano, os presentes serão apenas para ‘os de casa'. "Não dá mais para presentear todo mundo. O dinheiro está curto para todos. As minhas crianças, por exemplo, vão ganhar lembrancinhas e roupas. É o que dá para fazer." No total, o planejamento é gastar R$ 200 com os filhos.

O calçadão da Oliveira Lima também estava bem movimentado. O aposentado Décio Jorge, 71, não troca o local para fazer as compras. "Acho aqui perfeito para encontrar os presentes, tem de tudo e com preços muito acessíveis, além de ser perto da minha casa", disse. Jorge pretende comprar três presentes: para o seu amigo secreto, neto e filha. "Vou gastar R$ 200 com esses presentes, afinal, sou aposentado, não dá para ir além."

Os fisioterapeutas Charine e Murilo Cosmo, 24 e 25, respectivamente, dividiram as compras em duas etapas: no Brás, em São Paulo, e no calçadão, em Santo André. Segundo o casal, os valores pagos na Capital também são bastante atrativos, o que possibilitou presentear pessoas da família. "Com R$ 50 é possível comprar muita coisa lá. Tem blusinhas por R$ 15", conta Charine, que optou por pagar tudo à vista. "Não queremos mais dívidas do que aquelas tradicionais do começo do ano."

PECHINCHA - Não são apenas as vitrines da vizinha São Paulo que chamam atenção pelos baixos preços. Em pesquisa feita pelo Diário nas duas principais ruas de comércio da região (Rua Marechal Deodoro e Rua Oliveira Lima), é possível encontrar peças de roupas por até R$ 8,99, como é o caso de blusinhas coloridas femininas em lojas de departamento. Aliás, esses estabelecimentos são os que têm maior movimento de pessoas. Muitas utilizam o cartão da loja para parcelar as compras de Natal. Em São Bernardo, é possível encontrar mochilas de escola por R$ 29,90, calças de tecido (de malha leve para o verão) a R$ 29,90 e vestidos coloridos pelo mesmo preço.

Em Santo André, os valores são semelhantes. Há lojas de departamento, inclusive, que têm peças de roupas de R$ 19,99 a R$ 49,99, oferecendo a possibilidade de presentes bons com custo de até R$ 50. No calçadão, em algumas lojas de sapatos, também é possível comprar calçados masculinos por R$ 69,90.

RENDA EXTRA - A artesã Paola Brandino, 29, a fim de garantir renda extra, vende seus artesanatos em uma das barracas situadas na Praça do Carmo, em Santo André.

A artista conta que de 100% do que produziu, até o momento vendeu cerca de 40%. "O problema é que não conseguimos competir com os valores de rede de lojas. Mas, mesmo assim, vale a pena".

Neste mês, em especial, a Prefeitura da cidade, segunda ela, liberou o pessoal para montar as barracas para venda de produtos durante toda a semana. Em meses normais, elas podem ser encontradas de sexta e sábado. Há também opções na área de alimentação.


Metade da população vai se autopresentear

Além da lista de compras para família e amigos, o Natal é uma data comemorativa em que muitos aproveitam para comprar um presente para si mesmo. Pesquisa do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) mostra que metade dos consumidores brasileiros (50%) irá se autopresentear neste ano, principalmente as mulheres (57,3%). Em relação ao Natal de 2015, 54,3% afirmam ter comprado presentes a si mesmos.

A operadora de caixa Tabata Santos, 28 anos, de São Bernardo, caprichou nas compras para ela e o companheiro. "Resolvemos não dar muitas coisas para a família. Investimos na gente, estávamos precisando. Juntos, gastamos R$ 1.500." Boa parte das compras, segundo a consumidora, foi feita na região do Brás, na Capital, e o restante foi adquirido ontem, na Rua Marechal Deodoro. "Algumas coisas compensam comprar aqui, outras lá, como óculos e roupas", detalha ela, ao reforçar a importância de pesquisar.

Ainda segundo levantamento, a prática de se presentear é justificada por esses entrevistados principalmente pelo sentimento de merecimento (40,8%) e pela oportunidade de comprar coisas que precisam (39,1%). Na média, a intenção de compras é de dois presentes para si mesmo, com tíquete médio de R$ 157,89 (na região, o valor médio fica entre R$ 50 e R$ 100 a cada presente, segundo projeção da Sol).

 

 

 

Fonte: Diário do Grande ABC


Veja também

Compra e venda de estoque vira nova oportunidade de negócio

A diminuição do ritmo de vendas do varejo no Natal de 2016 -a Associação Comercial de S&atil...

Veja mais
Calçadistas recuperam nível de emprego com exportação

Heitor Klein, presidente da Abicalçados fala de 2017: "O primeiro semestre ainda deve ser difícil no Brasi...

Veja mais
Para mercado, inflação e crescimento serão menores em 2016 e no próximo ano

    O Brasil terá inflação e crescimento econômico ainda menores neste ano, com q...

Veja mais
Paulistano vai às compras aos 45 do segundo tempo

Apesar da crise, multidão invade regiões de comércio popular, como o Brás e a 25 de Mar&cced...

Veja mais
Vendas de Natal caíram 3% ante 2015, diz associação de lojistas de shoppings

Neste ano, as vendas em lojas de shopping acumulam R$ 140,5 bilhões; resultado é 3,2% menor em termos nomi...

Veja mais
Hypermarcas impulsiona bolsa

A BM&FBovespa fechou em alta de 1,19%, aos 57.937 pontos, na sexta-feira passada. O volume financeiro foi de R$ 4,76...

Veja mais
Um ano difícil para a indústria de café

  Lavoura de café conilon no Espírito Santo em 2015; após quase três anos de seca, Esta...

Veja mais
Varejo e indústria veem prejuízo com feriadões

Para o comércio, os problemas são a queda ainda maior de fluxo Se, por um lado, os feriados trazem al&iac...

Veja mais
Índice de confiança do comércio sobe 0,7 ponto em dezembro, mostra FGV

  SÃO PAULO - Após a queda de 3,6 pontos em novembro, o Índice de Confiança do Com&eac...

Veja mais