Compra e venda de estoque vira nova oportunidade de negócio

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A diminuição do ritmo de vendas do varejo no Natal de 2016 -a Associação Comercial de São Paulo calcula que em todo o país a queda tenha sido de 5%- acabou por criar uma nova oportunidade de negócio para empresas que trabalham com compra e venda de estoque. O nicho, muito comum nos Estados Unidos, ainda é pouco explorado no Brasil, mas está em alta. "Há potencial para o setor crescer até 30% no ano que vem", diz o empresário Claudio Ferreira, 55, dono da Liquidation. A empresa, criada em 2000, atua tanto na compra e venda dos estoques como na intermediação desse tipo de negócio através de um site, ganhando uma porcentagem das operações.

 

"Todo mundo ou mente ou tem problema com o estoque", diz ele. "É um nicho com muita oportunidade, porque são poucos os que atuam nele", completa.

 

"Está sobrando estoque nas empresas", afirma Maurício Morgado, professor do Centro de Excelência em Varejo da FGV (Fundação Getulio Vargas).

 

Para Morgado, varejistas que fizeram as contas e previram um Natal morno estão em melhor situação. Mas quem comprou produtos demais pode ficar com um encalhe agora que as compras para as festas acabaram. Segundo o consultor do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) Luiz Stephan, esse tipo de transação é comum entre a indústria e o atacado, mas a compra de estoques do varejo ainda é uma novidade.

 

Apesar do potencial, esse mercado também tem uma série de riscos. "Hoje somos mais seletivos. Já comprei algo achando que ia ficar rico e quebrei a cara, não havia comprador para repassar", afirma Ferreira. Atuar no setor também exige uma boa capacidade de negociação. "Para vender bem é preciso saber comprar bem", diz Marcus Rizzo, sócio da consultoria Rizzo Franchise. Além de ser uma oportunidade de negócio, a venda de estoque também pode ajudar os lojistas que ficaram com produtos na mão depois do Natal a se livrarem da sobra. Nesse caso, porém, é preciso tomar cuidado para não fazer um mau negócio e vender o produto muito barato.

 

"Tudo depende de qual o deságio que o varejista vai ter se repassar para esse comprador de estoque velho", diz Morgado, da FGV.

 

Ele recomenda que o lojista ponha tudo no papel e faça as contas para saber se vale a pena, mas em alguns momentos faz sentido vender por um preço mais baixo. "Ás vezes é melhor ter algum dinheiro na mão e um pouco de prejuízo do que ficar sem capital de giro", afirma.

 

RESTOS

 

Para evitar ficar com sobras no Natal, há algumas medidas que o varejista pode tomar. Stephan, do Sebrae, recomenda o investimento em promoções e divulgação como melhor forma de se livrar dos produtos. Já Morgado afirma que é importante que o varejista aprenda com seus erros, de modo a diminuir os pedidos nas próximas oportunidades.

 

Exatamente para não ter mais produtos do que pode vender, a loja de moda Kings Sneakers informatizou os pedidos. "Toda a logística é feita em cima de sistemas", diz Igor Morais, 35, CEO da marca, que possui 11 lojas próprias e 23 franquias. Já Francisco Forbes, CEO da consultoria Seed Digital, considera que em breve os estoques podem acabar. "Para bens duráveis, há uma tendência que as lojas virem showrooms, no qual se olha o produto e fecha negócio, para depois a mercadoria ser entregue em casa."

 

Por: Bruno Benevides

 

Fonte: Folha de São Paulo

 


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