Mesmo com promoção no Natal, lojas já preparam descontos para janeiro

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Após antecipar as tradicionais ofertas de início de ano para atender a demanda de consumidores com bolso apertado, itens remanescentes deverão dar continuidade à estratégia no início de 2017

 

 

São Paulo - A antecipação das ofertas para antes do Natal, que ocorreu em decorrência da queda do fluxo de clientes e da previsão de vendas fracas no comércio, não deve inibir que a política de descontos agressivos continue para o mês de janeiro. Na realidade, as varejistas devem intensificar a estratégia para desovar os estoques remanescentes.

 

"A antecipação não vai inibir que os lojistas façam promoções também em janeiro, que é um período onde as vendas caem bastante em razão da 'ressaca' do Natal e das férias. Veremos uma continuidade das promoções até que os estoques se esgotem", afirma o especialista em shopping center e varejo e diretor geral da consultoria Make it Work, Michel Cutait.

 

Na Armarinhos Fernando, localizada em uma das principais ruas do comércio paulistano, a 25 de março, a perspectiva é de que as promoções continuem em janeiro em níveis similares aos de dezembro. "Deve sobrar 30% de toda a linha que compramos. Como seguir com as promoções não vai gerar alta nenhuma nos nossos custos, vamos mantê-las para tentar desovar esses produtos que sobraram", conta o gerente da unidade, Ondamar Ferreira.

 

Segundo o superintendente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Márcio Milan, a aposta na antecipação das ofertas ocorreu de forma generalizada no setor. Mesmo assim, ele aponta que no primeiro mês de 2017 as ofertas podem se intensificar. "Temos que ficar atentos à semana entre Natal e Ano Novo, porque se houver desbalanceamento de estoque a tendência é de que as ofertas do pós-Natal sejam maiores", diz.

 

No supermercado da Cooperativa do Consumo (Coop) localizado na região de Santo André (SP), no entanto, poucos itens devem sobrar este ano, segundo o gerente da loja, Vagner Cordeiro. De acordo com ele, a unidade foi mais precisa nas compras de 2016, e no dia 24 de dezembro poucos produtos natalinos ainda restavam nos estoques. Mesmo assim, ele diz que as promoções na rede podem seguir em janeiro, dependendo da negociação com os fornecedores.

 

Reta final de 2016

 

A estratégia de investir em descontos agressivos já na véspera do Natal se deu, na visão de Cutait, para conseguir alavancar as vendas em um momento de consumo retraído. "Normalmente, as promoções aconteciam no final de janeiro e começo de fevereiro. Depois, as varejistas começaram a antecipar as promoções para depois do Natal, e agora, em 2016, percebe-se com clareza que as lojas anteciparam as promoções e os descontos, para garantir que os resultados sejam melhores", afirma.

 

De acordo com Ferreira, da Armarinhos Fernando, foi justamente essa a principal estratégia da varejista para atrair o consumidor no período. "Eu diria que o fluxo diminuiu 15% na 25 de março este ano. A competição entre os lojistas foi bem maior, então quem não ofereceu bons descontos e promoções não deve ter se saído bem", ressalta.

 

Na loja, as promoções começaram desde o início de dezembro e foram bem mais intensas do que as realizadas no ano passado. "Um boneco do Ben 10, por exemplo, que estávamos vendendo a R$ 199 no Dia das Crianças, vendemos neste Natal por metade do preço, R$ 99", afirma.

 

Desempenho do comércio

 

Com a estratégia Ferreira garante ter conseguido bons resultados no período do dia 1 a 23 de dezembro. Segundo ele, o faturamento da loja apresentou um crescimento de cerca de 6,5%, em termos reais, na comparação com igual período do ano passado. Em relação ao tíquete médio, Ferreira afirma que foi de R$ 180, ante um gasto médio de R$ 165 visto no final do ano passado.

 

O bom resultado da varejista, no entanto, não é a realidade do setor. Segundo previsão da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o comércio brasileiro deve fechar esse Natal com uma queda de 4% nas vendas, na comparação anual. O resultado seria o segundo pior dos últimos 15 anos, atrás apenas do visto em 2015 - quando o varejo recuou 7,5%.

 

Mais em linha com a previsão da CNC, a loja da Coop de Santo André viu um recuo de 1,86% nas vendas do período natalino (de 1 a 23 de dezembro), de acordo com o gerente da unidade, Vagner Cordeiro. Apesar da queda, ele conta que a loja bateu a meta estipulada pela rede. "A meta para a nossa unidade era de R$ 8,8 milhões e conseguimos ultrapassá-la, fizemos cerca de R$ 9,4 milhões em vendas", conta.

 

Assim como a Armarinhos Fernando, a Coop também investiu forte em promoções e descontos para atrair o cliente. "Com certeza fomos mais agressivos este ano nas promoções. Até para estimular o consumo, diante da crise", diz.

 

Pedro Arbex

 

Fonte: DCI - São Paulo

 


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