Juros básicos atingiram o menor patamar desde 2015 ao passar de 13% para 12,25% ao ano
Brasília - O Banco Central reduziu nessa quarta-feira (22) a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual pela segunda vez seguida, a 12,25%, menor nível em dois anos, diante da fraca atividade econômica e sinais favoráveis para a inflação, e deixou a porta aberta para acelerar o passo em breve.
O BC ressaltou que a economia, que nos últimos dois anos viveu forte recessão e ainda dá sinais mais tímidos de recuperação, terá forte peso nas decisões daqui para frente. “Uma possível intensificação do ritmo de flexibilização monetária dependerá da estimativa da extensão do ciclo mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação”, afirmou o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC em comunicado.
A decisão era amplamente esperada pelo mercado. Em pesquisa Reuters, 53 de 54 analistas consultados previram redução de 0,75 ponto percentual para a Selic.
“O mercado tende a reagir com redução de taxas... embutindo probabilidade maior de corte de 1 ponto na próxima reunião (do Copom)”, afirmou o economista-chefe do banco Santander, Maurício Molan, acrescentando que o BC indicou “claramente que a 9%, que é o que o mercado projeta, a meta (de inflação) está cumprida”.
Ao reduzir sua projeção de inflação a cerca de 4,2% em 2017 no cenário de mercado, ante 4,4%, e mantendo a visão de alta do IPCA a 4,5% no ano seguinte, o BC ressaltou que esses cenários embutem hipótese de que a Selic alcance 9,5% e 9% ao final de 2017 e 2018, respectivamente.
E, diferentemente dos outros comunicados sob a gestão de Ilan Goldfajn, o BC não fez projeção para a inflação pelo cenário de referência.
Com a investida, o BC fez sua quarta redução na Selic, após dois cortes de 0,25 ponto percentual cada e um de 0,75 ponto, no mês passado.
Para o economista-chefe do banco J.Safra, Carlos Kawall, o BC mostrou confiança na trajetória da inflação e indicou que vê riscos mais equilibrados. “Eu diria que abriu-se uma porta para um movimento de (corte de) 1 ponto percentual na próxima reunião”, disse Kawall, que acredita que uma tramitação positiva da reforma da Previdência poderá ser um fator decisivo nesse sentido. Ele segue, contudo, prevendo outro corte de 0,75 ponto na Selic em abril.
A manutenção da velocidade agora veio após o BC ter apontado em suas últimas comunicações que este seria o novo ritmo de afrouxamento, diante da inflação mais disseminada, expectativas de inflação ancoradas e atividade econômica aquém do esperado.
A queda recente do dólar frente ao real e dados ainda mais positivos sobre o avanço de preços na economia vêm despertando apostas de nova aceleração no ritmo de cortes daqui para frente.
Fonte: Diário do Comércio de Minas