O grupo Alimentação registrou a terceira queda consecutiva e também ajudou no processo de desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da primeira leitura de junho, juntamente com Habitação. A afirmação é do coordenador do IPC-S da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti. O IPC-S passou de alta de 0,52% no fechamento de maio para 0,39% na primeira quadrissemana do mês (últimos 30 dias terminados na quarta, dia 7). "A tendência é que o grupo de alimentos continue com deflação. A projeção de 0,25% para o IPC-S no fim do mês está mantida, mas, se tiver viés, é de baixa", adianta.
"A grande influência de alívio no IPC-S vem de energia, por causa da mudança da bandeira. Calculamos um impacto negativo de 0,30 ponto e o efeito já começou, com alívio de 0,10 ponto percentual na primeira quadrissemana", diz. Devido à alteração de bandeira vermelha patamar 1 para verde (sem custo extra aos consumidores), tarifa de eletricidade passou de 10,88% para 6,80%. O grupo Habitação, por sua vez, ficou em 1,20% (de 1,71%) "Deve desacelerar mais ao longo das próximas leituras."
Isso porque, segundo Picchetti, os preços de alimentos continuam mais moderados. Desde a terceira medição de maio, a classe de despesa de Alimentação vem apresentando recuo: saiu de declínio de 0,11%, foi para uma queda de 0,26% no fim de maio e atingiu variação negativa de 0,27% na primeira quadrissemana deste mês. "Dentro do grupo, o único produto que destoa da tendência geral é feijão carioca. Claramente está subindo por causa de um choque de oferta. Apesar da alta forte, há exemplos de preços de alimentos que estão caindo ou desacelerando o ritmo de elevação", compara Picchetti.
Na primeira leitura de junho, o feijão carioca ficou 11,60% mais caro, depois de ter subido 3,34% no encerramento do quinto mês e já há sinal de nova aceleração, diz. "No ponta [pesquisa recente], está avançando cerca de 30%. Mas é praticamente só ele que está subindo forte", adianta.
Dentre as frutas, Picchetti citou a queda de 30,54% no preço da tangerina, na comparação com declínio de 18,69% no fim de maio. "[ Na pesquisa recente], já está caindo quase 40%", diz.
Nas próximas leituras do IPC-S, o economista diz que outros produtos que estavam mais caros também poderão entrar na lista dos itens que vão contribuir para o arrefecimento do grupo Alimentação e consequentemente para o IPC-S. Ele mencionou como exemplo batata e cebola, que subiram 2,31% (de 6,55%) e 5,82% (de 13,27%), respectivamente na primeira prévia deste mês.
Fonte: Estadão Conteúdo