São Paulo - A desocupação - que atinge 13,77 milhões de pessoas ou 13,3% da força de trabalho do País - deve seguir elevada no segundo semestre, sem perspectivas muito animadoras. A única boa notícia é que a renda dos 44,42 milhões de empregados mostra crescimento.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente ao trimestre de março a maio, o número de pessoas desocupadas aumentou 2,33 milhões em relação a igual trimestre de comparação de 2016 para um total de 13,77 milhões de desempregados.
Ao mesmo tempo, a renda média dos 33,258 milhões de empregados privados com carteira assinada cresceu 1,4% no período, assim como a renda média dos 11,165 milhões de trabalhadores do setor público tiveram uma evolução 1,9%, nessa comparação de iguais trimestres pelo IBGE.
A "esperança" de especialistas consultados pelo DCI, é que esse pequeno aumento da renda do trabalhador com carteira assinada possa gerar a contratação de postos temporários no quarto trimestre para atender alguma alta do consumo no final de 2017.
"O efeito do pagamento do Fundo de Garantia [de contas inativas] não foi nada desprezível na regularização de débitos das famílias, e com o 13° salário, a expectativa é de consumo em áreas como vestuário, calçados e supermercados no final do ano", aponta o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), Jaime Vasconcellos.
Outro fator que aponta uma pequena melhora para a renda e consumo no final do ano é o período de dissídios salariais em tempos de inflação baixa. "Nossos estudos mostram que a massa salarial deve crescer entre 1% a 2% acima da inflação. Os dissídios com reajustes reais tem sido mais recorrentes", identificou o economista.
Dados do Salariômetro, que acompanha negociações salariais coletivas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostram ganho real de 1 ponto percentual nos dissídios do mês de abril, e de 1,3 ponto percentual nas negociações de maio. A Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) também relatou ganho médio real de 0,84 ponto percentual nos dissídios de maio e 0,46 ponto percentual nas negociações do mês de junho.
"Com a inflação baixa, a possibilidade de um aumento real é maior. Mas temos um problema de confiança na economia, uma dificuldade das famílias de planejar o consumo. O desemprego pode até ter uma queda branca, mas ficará perto da estabilidade até o final do ano", diz o professor do Ibmec-SP, Paulo Azevedo.
"A única boa notícia é a queda da inflação, mas esse aumento do poder aquisitivo ainda não ocorreu de forma significativa. Estou muito pessimista [sobre o mercado de trabalho] porque o governo não lançou nenhum programa de geração de empregos", ponderou o professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Paulo Fieldmann.
Na visão dele, será muito difícil recuperar milhões de postos de trabalho sem um crescimento forte da economia. "O governo está muito fragilizado politicamente, e as decisões econômicas ficaram restritas ao [ministro da Fazenda] Meirelles, ele não tem perfil de que fará um programa de geração de empregos. Essa medida se aparecer, só depois das eleições de 2018", observa.
Conta própria
O relatório da PNAD também mostrou um crescimento do emprego sem carteira assinada (+ 221 mil) e do trabalhador por conta própria (+ 216 mil) em relação ao trimestre anterior. "É o empreendedorismo por necessidade. E muitos não estão preparados para administrar e podem quebrar", alertou Jaime Vasconcellos.
Fonte: DCI São Paulo