Apesar de a economia ainda não ter se recuperado, a intenção de consumo por parte dos mineiros aos poucos vem aumentando e, com esse movimento, o percentual de endividados na capital mineira apresentou a primeira elevação do ano, interrompendo uma sequência de 11 quedas consecutivas. Foi o que mostrou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas).
O índice de endividamento chegou ao patamar de 15% em junho, contra os 14,3% registrados em maio. No mesmo período do ano passado, chegou a 38,4%. Já no mesmo período de 2015, ultrapassava os 56%.
A analista de pesquisa da entidade, Elisa Castro, explicou que o índice mostra a disposição do consumidor em adquirir compromissos financeiros de médio e longo prazos, como financiamento de imóveis e carros, empréstimos, cartões de crédito e de lojas e cheques pré-datados. Segundo ela, embora o cenário econômico brasileiro ainda não seja o mais adequado, alguns fatores têm contribuído para essa reversão, como a baixa da inflação e a disponibilidade de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) inativo, por exemplo.
"Ainda se trata de uma pequena elevação e não dá para saber se é uma tendência de melhora do consumo por parte das pessoas, mas já indica uma sinalização de que isso pode ocorrer nos próximos meses", afirmou a analista.
Ainda conforme a pesquisa, as dívidas continuam concentradas no cartão de crédito. Em junho, 88,9% dos entrevistados se comprometeram com essa modalidade, seguida por cheque especial (7,4%), crédito pessoal (7%) e financiamento de casa (6,7%).
Dos endividados, 36,3% não conseguiram honrar seus compromissos e estão com os pagamentos atrasados, em média, há 55 dias.
O índice de inadimplência - que avalia o percentual da população que não terá condições de quitar as dívidas contraídas - se manteve praticamente estável entre maio e junho: saiu de 1,3% para 1,5% nesse período.
Intenção
Em relação à intenção de consumo, a analista de pesquisa da Fecomércio lembrou que desde o início do ano as pesquisas da entidade sinalizavam o aumento. Diante disso, informou, os primeiros quatro meses de 2017 foram de alta e nos últimos meses foram observadas quedas, que podem ser atribuídas à instabilidade política do País.
O indicador apresentou queda pelo segundo mês consecutivo e caiu para 74,1 pontos, contra os 77,8 observados em maio, permanecendo abaixo do nível de satisfação (100 pontos). As perspectivas em relação ao futuro foram os principais fatores responsáveis pelo resultado.
"Entre os componentes do índice, apenas dois apresentaram alta. Foram justamente os indicadores de emprego e de nível de consumo atuais, que estão ligados à estabilidade da renda familiar, o que vai ao encontro da pesquisa de endividamento", argumentou a analista.
Além disso, o índice de emprego atual passou de 101,2 para 101,9 pontos, enquanto o de consumo assumiu 62,8 pontos, contra 60,9 em maio. Os outros subíndices (perspectiva profissional, renda atual, acesso ao crédito, perspectiva de consumo e momento para a compra de duráveis) tiveram retração.
Fonte: Diário do Comércio de Minas