Inflação para idosos deve ficar acima do projetado para a população geral

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São Paulo - A inflação para os idosos deve fechar 2017 em 3,5%, acima do projetado para a população geral e impulsionado pela alta em saúde e cuidados pessoais. Apesar da queda trimestral, maior sensibilidade aos preços de alimentos pode pesar no indicador até final do ano.

 

O motivo, segundo especialistas, é a "cesta de mercadorias diferenciada" do grupo da terceira idade, que acaba sendo mais sensível às mudanças nos preços de remédios, de planos de saúde e de infraestrutura doméstica como água, luz e telefonia.

 

O Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), por exemplo, medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), ficou em 0,5% no segundo trimestre de 2017, valor menor em 0,88 ponto percentual (p.p.) em relação aos três primeiros meses do ano, mas uma alta de 0,73 p.p. na comparação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, que registrou deflação de 0,23% em junho.

 

Para 2017, a expectativa é que o IPC-3i fique em 3,5%. No IPCA, porém, a projeção dos Top-5 do Relatório Focus do Banco Central - grupo que mais acerta previsões -, é de que a inflação fique em 3,03% no mesmo período.

A alta acumulada nos 12 meses encerrados em junho foi de 3,51%, também maior do que o observado no Índice de Preços ao Consumidor Brasil (IPC-BR) no registrado em igual comparação (3,44%).

 

De acordo com o pesquisador e economista do Ibre, André Braz, a maior volatilidade nos preços em energia, remédios e plano de saúde foi o principal peso do IPC-3i.

 

"Qualquer ajuste em torno de tarifa pública de residência como água, luz e telefonia já pesa mais no bolso do idoso. Isso sem contar os aumentos reais em medicamentos e, principalmente planos de saúde, que teve alta pelo terceiro ano consecutivo e subiu mais de 13% no total", avalia Braz.

 

Segundo o indicador, apesar das quedas em cinco das oito categorias, o aumento das outras classes componentes sustentaram o índice.

Entre os recuos, a principal contribuição veio de Habitação, que caiu de 2,02% para 0,4%, além do grupo Alimentação (de 1,12% para -0,94%), Educação (de 2,95% para 0,08%), Transporte (de 0,39% para -0,52%) e Despesas Diversas (de 1,51% para 1,16%).

 

Da outra ponta, a principal alta veio de Saúde e Cuidados Pessoais, de 1,74% para 2,70%, seguida por Comunicação (de -1,07% para 0,75%) e Vestuário (-0,19% para 1,18%).

 

"Imprevisibilidade"

 

Ao mesmo tempo em que os especialistas consultados pelo DCI têm posicionamentos otimistas em relação ao indicador, a sazonalidade na agricultura somado ao maior consumo de alimentos por parte da terceira idade podem ter reflexos na inflação.

 

Para o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Agostinho Celso Pascalicchio, apesar da tendência de que os preços para os idosos fiquem superiores aos da população geral, a expectativa é de "convergência".

 

"A pressão dos itens de maior peso ao idoso ainda será grande, principalmente a depender do preço dos alimentos nos próximos meses, mas a expectativa é que a inflação também sinta alguma movimentação para baixo, apesar de ainda ficar acima do IPCA e do IPC-BR", diz Pascalicchio.

 

Nessa linha, puxado principalmente pela "imprevisibilidade" e sazonalidade na agricultura e pelo fato de que "será muito difícil" repetir o desempenho de safra recorde observado neste ano, a perspectiva dos preços dos alimentos pode ter "efeito destacado".

 

"A terceira idade pode sentir algumas pressões, mas de qualquer forma, a tendência é ter pouca diferença no comportamento das taxas de 12 meses. A expectativa é de continuar a desaceleração gradativa do mês a mês e ficarmos em 3,5% este ano e próximos da meta de 2018", acrescenta Braz, do Ibre/FGV. Para o ano que vem, a meta do governo para o IPCA é de 4,5%.

 

 

Fonte: DCI São Paulo


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