São Paulo - A expectativa de melhora mês a mês no varejo brasileiro foi frustrada novamente. Segundo dados do IBGE o setor encolheu 0,1% na passagem de abril para maio, e se encontra neste momento em situação similar a vista pela indústria no ano passado.
"O resultado foi um balde de água fria para os empresários da indústria e do varejo, que já contavam com uma maior disposição do brasileiro em ir as compras", resumiu o especialista em varejo e professor de macro economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Sérgio Castello Filho.
Na visão do executivo, a morosidade da retomada se dá por conta da falta de confiança do consumidor com o futuro da economia e da política. "O momento é de cautela. O brasileiro não segurou apenas as compras que precisam de crédito, ele parou de comprar porque ele sente que tem algo errado", afirmou o acadêmico.
Exemplo dessa colocação foi o desempenho das vendas de vestuário, calçados e tecidos que no mês de maio, segundo o IBGE, tiveram retração de 7,8% na comparação com abril na análise dessazonalizada . "A queda só não foi maior porque os setores de móveis e eletrodomésticos, por conta dos Dia das Mães, teve um impacto positivo no varejo", diz Filho.
Futuro condicionado
Tentar associar a retomada do consumo apenas a menor força da inflação e uso do FGTS, para a analista de varejo e consultora independente Carla Ribeiro é um erro que tanto a indústria quanto o varejo estão cometendo. "Os empresários estão em uma atoada de melhora da economia, mas no dia a dia o consumidor ainda não sentiu", comenta.
Em linha com a visão da consultora o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial sinaliza que esse incipiente movimento de retomada da indústria ainda não foi visto no varejo, que a apenas tenta diminuir a força das perdas. "Em outras palavras, o comércio está hoje onde a indústria estava no ano passado", dizia a nota do instituto.
Segundo a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Isabella Nunes, o resultado "Mostra que ainda há caminhos a serem percorridos para superar as perdas do passado no volume de vendas do varejo", comenta
Apesar da postura cautelosa sobre o futuro, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) reviu de 1,2% para 1,6% o crescimento do varejo neste ano.
Segundo o economista da CNC Fabio Bentes, a recuperação sustentável do setor continua dependente da regeneração das condições de emprego e taxas de juros mais adequadas. "Confirmada essa expectativa, o setor voltaria, enfim, a crescer após três anos de retrações", afirmou ele , lembrando que hoje o nível de consumo no Brasil está próximo do visto ao longo de 2010.
Fonte: DCI São Paulo