São Paulo - As vendas de bens duráveis seguem em trajetória de recuperação e já cresceram 13% de janeiro a julho, na comparação anual. Para o segundo semestre a previsão é que a melhora do cenário econômico compense o fim da liberação dos recursos do FGTS, resultando, ao final do ano, em um avanço de 13% a 14%.
Os dados da empresa de pesquisa de mercado GfK englobam as categorias de telefonia, eletrônicos, eletroportáteis, linha branca e informática. De acordo com a companhia, o avanço no faturamento do período foi puxado pelo desempenho das regiões Nordeste e Sudeste do País. A primeira cresceu 23% no intervalo, enquanto a segunda expandiu 12%, em valor (veja mais no gráfico).
As vendas no Nordeste, segundo a diretora de negócios da GfK, Gisela Pougy, foram impactadas positivamente nos primeiros sete meses pelo desempenho da agricultura, que beneficiou a economia local, e pela injeção dos recursos das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Além disso, o diretor geral da empresa, Felipe Mendes, explica que o avanço expressivo das vendas na região ocorreu por uma base comparativa depreciada. "Tivemos um peso muito grande do FGTS na região, mas há também a questão da base. A queda no Nordeste foi muito grande nos anos anteriores."
Já no Sudeste, um dos aspectos que influiu no crescimento foi o desempenho das vendas da categoria de telefonia, que expandiu, na região, acima da média vista no mercado. Ainda assim, o principal fator que influenciou o crescimento da região no período, diz Gisela, também foi o impacto do FGTS. O fim da liberação dos recursos do fundo de garantia, cuja última leva foi disponibilizada em julho, não deve impedir, no entanto, que o setor continue crescendo ao longo do segundo semestre, ainda que a um ritmo menor. Para Mendes, a melhora de alguns aspectos econômicos deve compensar o fim do efeito positivo dos recursos. "Tem outros aspectos que estão melhores neste semestre e que devem contrabalancear o cenário. O desemprego vem caindo, os ganhos de dissídio foram quase todos maiores do que a inflação, e o preço dos produtos de tecnologia têm reduzido com a queda do dólar."
Uma prova da visão de Mendes é o desempenho do terceiro trimestre. Ainda que a consultoria não tenha os dados finalizados de julho a setembro, o diretor geral da GfK antecipa que as vendas foram muito boas, com destaque para a categoria de televisões.
A melhora do cenário este ano é citada também por varejistas do ramo, que apontam para uma conjuntura ainda melhor em 2018. Diretor comercial da Via Varejo, controladora da Casas Bahia e Pontofrio, Gilberto Pereira diz que a conjuntura econômica está melhor e que há um descolamento com a situação política. "Em 2018 teremos a Copa do Mundo e isso também vai impactar positivamente o setor."
Para o diretor comercial da GfK, Henrique Mascarenhas, a perspectiva para o ano que vem é extremamente positiva. Ele diz que caso o cenário se mantenha na 'mesma toada' o crescimento do setor de bens duráveis em 2018 será maior do que o previsto para 2017.
Recuperando perdas
Mesmo com o crescimento previsto para este ano e a perspectiva de um desempenho ainda melhor em 2018, o setor ainda estaria, ao início de 2019, em um nível inferior ao de antes da recessão. De acordo com Mendes, o ramo só deve voltar ao patamar de 2014 ao final de 2019. "Se mantivermos esse mesmo ritmo de expansão, que é o que imaginámos que acontecerá, ao final de 2019 estaremos próximos do nível de 2014 - de antes da crise. Ou seja, vamos precisar de três anos para conseguir recuperar as quedas que tivemos em 2016 e 2015", finaliza o diretor geral da GfK.
Fonte: DCI São Paulo