São Paulo - O Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar praticamente estável no terceiro trimestre deste ano frente aos três meses imediatamente anteriores (+0,2%). Apesar do aumento no consumo, queda de 2% esperada no agronegócio limita o crescimento da atividade.
Entre abril a junho, o PIB registrado na margem era positivo em 0,2%, conforme os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para os especialistas, apesar de a sinalização para o indicador de atividade econômica ter um viés positivo, o crescimento ainda é pouco e o movimento é limitado, principalmente, pela performance da agropecuária ao longo do segundo semestre.
"A maior taxa de agronegócio ficou no primeiro trimestre e, com queda de 2% no setor agora, o vetor positivo fica por conta da demanda do varejo e pela oferta, com a massa de renda e os saques da conta do FGTS ainda colaborando positivamente para o PIB desse trimestre", avalia o economista da Tendências Consultoria, Bruno Levy.
Neste cenário, ele pondera que a inflação mais controlada e a confiança dos consumidores dando sinalizações importantes de melhora - com aumentos pontuais no número de vagas de emprego e concessões de crédito - são importantes para ditar os rumos para o quarto trimestre.
Segundo o IBGE, apesar da redução de 0,25 ponto percentual (p.p.) na inflação de agosto frente igual período de 2016 (de 0,44% para 0,19%), o volume de desocupados no País teve um aumento de 0,8 p.p. de junho a agosto diante do mesmo intervalo do ano passado, saindo de 11,8% para 12,6%.
De acordo com o economista da GO Associados Luiz Fernando Castelli, apesar da agropecuária poder trazer números "bastante negativos" para os dois últimos trimestres do ano, a estabilidade do PIB mostra uma tendência positiva com a sazonalidade do final do ano (consumo) e colabora para que a expansão em 2017 encerre próximo aos 0,7%.
"Mesmo com os efeitos estatísticos do agronegócio no terceiro trimestre, os números de indústria, serviços e comércio trazem um viés positivo maior do que o esperado para a atividade econômica e isso deve impulsionar um último trimestre [com avanço] perto dos 0,7%", comenta.
Para a indústria, porém, a queda mais brusca nos últimos meses, apresentada pelo desempenho da construção civil, tende a demorar mais a reagir, acumulando um aumento de 0,4% na margem para o segmento no terceiro trimestre.
"Esperamos uma melhora na construção civil, mas ainda é um movimento muito longe de recuperar as perdas acumuladas", explica Levy e acrescenta que a perspectiva é que os efeitos mais evidentes da queda da taxa básica de juros (Selic) na economia "abram mais portas" a partir de dezembro.
"O recuo da Selic vem se intensificando desde o final do ano passado, mas a reação demora de seis meses a um ano para ser mais visível e profunda. No começo do ano que vem, já poderemos ver números mais significativos", complementa o especialista.
Ainda segundo as projeções da Tendências, o crescimento do terceiro trimestre teria um movimento mais positivo e ficaria em torno de +1,1% na comparação com igual período de 2016.
Surpresas positivas
Já para 2018, os economistas entrevistados pelo DCI se mostram bastante otimistas e ponderam que, apesar de um cenário praticamente precificado, a possibilidade de surpresas positivas com a reforma trabalhista e a reação acima do esperado no consumo deve contribuir para o PIB.
"Mesmo com a possível volatilidade e risco que o cenário político possa trazer, a recuperação é cíclica e vem muito em função das taxas de juros. A projeção é de 2,5% para 2018, mas o viés de alta permanece e, se a reação acima do esperado na economia se concretizar, o crescimento pode chegar até a 3%", comenta Castelli.
Para Levy, a expectativa em cima de um "crescimento mais robusto" acaba incentivando a perspectiva de que essa "surpresa positiva" possa surgir no meio do caminho. "A reforma trabalhista, por exemplo, deve ser melhor do que o esperado. Mesmo sem saber a velocidade desses efeitos, a expectativa é positiva", conclui.
Fonte: DCI São Paulo