São Paulo - Na reta final da safra 2017/2018 de cana-de-açúcar, com algumas usinas já encerrando a moagem, o foco das indústrias deve continuar voltado para o etanol em detrimento do açúcar.
"Os preços mais valorizados do etanol anidro e do hidratado, aliados à queda dos preços do açúcar no mercado internacional devem manter o mix da safra mais voltado para o etanol até o fim deste ciclo", conforme avalia o consultor Carlos Cogo.
Segundo levantamento da União das Indústrias de Cana-de-açúcar (Unica), divulgado ontem, 46,54% da matéria-prima foi utilizada para a produção de açúcar na segunda quinzena de setembro, enquanto na mesma quinzena do ano passado, essa fatia foi de 50,15%. No período de junho a agosto da atual safra, a participação superou 50%.
No acumulado da safra, 48,23% da matéria prima foi destinada ao açúcar enquanto 51,77% foi utilizada para produzir etanol.
O economista do Banco Pine, Lucas Brtunetti, salienta que essa ênfase na produção de etanol também se deve à característica do período de começo e de final de ciclo, quando se produz menos açúcar devido à menor qualidade da matéria-prima. "Não acredito que as usinas tenham tempo de fazer algo diferente agora", salienta o economista.
Embora as usinas já venham indicando essa mudança para um mix mais alcooleiro nas quinzenas anteriores, Brunetti observa que a expectativa era que o direcionamento de matéria-prima para a produção de etanol fosse ainda maior.
"Pode ser que nas próximas quinzenas esse resultado apareça", aposta ele.
No acumulado da safra, até setembro a produção de açúcar atingiu 29,23 milhões de toneladas, o que representa uma alta de 4,85% em relação ao mesmo período do ciclo passado. Já a produção total de etanol foi de 19,42 bilhões de litros, queda de 2,75% na mesma base de comparação, sendo 11,04 bilhões de litros de hidratado e 8,38 bilhões de litros de anidro.
Ainda segundo a Unica, o volume de cana-de-açúcar processado no Centro-Sul na segunda quinzena de setembro atingiu 40,3 milhões de toneladas, 5,2% a menos que na mesma quinzena do ano passado e inferior às 45,3 milhões de toneladas processadas na primeira metade do mês passado. No acumulado da safra 2017/2018 até 1º de outubro, a moagem foi de 467,1 milhões de toneladas. No mesmo período do ciclo passado, foram 476,2 milhões de toneladas, uma defasagem de quase 10 milhões de toneladas entre as duas safras. "As usinas já estão falando em terminar a safra nos meses de outubro e novembro, enquanto o habitual é que a colheita se estenda até dezembro", diz Brunetti. "Já é consenso que a quantidade de cana para ser moída nesta safra deve ficar em 585 milhões de toneladas", afirma.
Próxima safra
Para Cogo, a nova safra deve repetir o ciclo atual. "Tudo indica que teremos um clima favorável, sem chuvas além da média. Além disso, a área deve continuar estagnada e não há expectativa de retração na produção ou na produtividade."
Ele avalia que o setor está com a capacidade de investimento comprometida devido às baixas margens, o que dificulta a renovação dos canaviais, e, consequentemente, um aumento de produção. "O ideal é que o índice de renovação dos canaviais fosse de 18%, mas ficou em torno de 14,3% nesta última safra", ponderou o consultor.
Fonte: DCI São Paulo