Embora inflação baixa seja sinônimo de preços menores, encher o carrinho na hora das compras no supermercado ficou R$ 33,86 (6,32%) mais caro do que no mesmo período de 2016, quando a cesta básica custava R$ 535,68 na região, ante R$ 569,54 em novembro deste ano. O grande vilão foi o arroz, cujo preço do pacote de cinco quilos passou de R$ 11,02 para R$ 13,24 – 20,16% a mais.
Para se ter ideia, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – indicador oficial da inflação do País – acumula 2,21% até outubro deste ano, enquanto que no mesmo período de 2016 somava 5,78%.
Fábio Vezzá De Benedetto, engenheiro agrônomo e coordenador da pesquisa, avalia que o índice colaborou para que o valor dos alimentos não fosse ainda maior, dado que a redução nos custos é reflexo da demanda reprimida da população.
Apesar de percentualmente maior, o encarecimento de 65,35% – passou de R$ 5,92 para R$ 9,72 – do pacote com 500 gramas de café em pó não impactou tanto no preço do kit quanto o arroz. “Ele (o arroz) é um dos alimentos mais consumidos pelo brasileiro e, por isso, tem grande influência no valor final da compra”, afirma Benedetto. “O café sofreu aumento porque se tornou uma bebida mais valorizada e da ‘moda’, vindo de um longo período de depreciação”, completa.
A alta no preço do cereal é resultado da oferta reduzida, dado que o excesso de chuvas prejudicou a safra deste ano. “O arroz tem apenas uma safra por ano e seu cultivo é feito principalmente no Rio Grande do Sul, o que agrava a situação, além de ser um item que sofre com a desvalorização do real”, explica o engenheiro agrônomo.
Quanto aos demais itens essenciais na mesa do brasileiro, a carne bovina, tanto dianteira quanto traseira, apresentou estabilidade. Já feijão e tomate aliviaram o orçamento. O grão ficou 11,24% mais em conta, caindo de R$ 5,29 para R$ 4,70 o quilo. “O feijão está com oferta alta e, diferentemente do arroz, conta com quatro safras anuais e plantações em praticamente todas as regiões”, destaca.
O preço do fruto presente em saladas e molhos recuou 11,95%, passando de R$ 5,19 para R$ 4,57 o quilo. Segundo De Benedetto, o alimento é sazonal e foi favorecido no decorrer de 2017. “Até março, estava mais caro por conta do calor intenso, então ele teve uma queda com o clima ameno do outono e, no inverno, voltou a subir um pouco, pois a maturação nesta época é mais lenta. Agora, na primavera, o regime de chuvas, dias quentes e noites mais frias ajudaram”, ressalta.
Os dados são da pesquisa mensal da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), que avalia 34 produtos em 16 super e hipermercados do Grande ABC. O levantamento considera o consumo de uma família com quatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças, no período de 30 dias.
Fonte: Diário do Grande ABC