Ao longo de 2017, a inflação caiu. Na média, os preços subiram menos do que nos anos anteriores, em grande parte por causa dos alimentos. A comida ficou mais barata, mas aquela que os brasileiros levaram para preparar em casa.
É preciso olhar de novo para acreditar. Pela primeira vez em 11 anos, os alimentos estão mais baratos. Os índices oficiais confirmam a impressão de quem circula entre as prateleiras. De janeiro a novembro de 2017, a inflação dos alimentos comprados no supermercado foi negativa: queda de mais de 5%.
O feijão fica até mais saboroso quando a gente descobre que o preço dele caiu 42%. A queda no preço não foi só dos alimentos do dia a dia. O luxo ficou um pouco mais perto da mesa com o filé mignon, 7% mais barato. Novos preços, novos hábitos na hora das compras.
“A compra semanal, diária se tornam maior por conta da redução dos preços. Se eu sei amanhã vai estar mais baixo o preço, pra que eu vou levar uma quantidade maior hoje?”, explica André Portes, diretor da Associação de Supermercados do Rio de Janeiro.
Supermercados e restaurantes começaram o ano quase no mesmo patamar. Mas o movimento nos supermercados foi lá para cima, enquanto o dos restaurantes não decolou.
A comida no supermercado está mais barata. Comer fora ficou mais caro. O resultado dessa conta no bolso do brasileiro é que todo lugar, a qualquer momento, pode se transformar num restaurante.
Num salão de beleza, Maria da Glória não põe a mesa, mas improvisa uma com o almoço que ela mesma preparou: “O dinheiro que eu tenho que comprar uma comida fora eu economizo pra fazer um curso de inglês, minhas filhas, pra ter um dinheiro para o final de semana pra passear um pouco com elas”. As clientes do salão não se incomodam. Afinal, no cabelo ou nas unhas cada pessoa tem seu gosto, mas todo mundo acha que é uma beleza economizar.
Fonte: G1 - Jornal Nacional