A adequação do nível de estoques no varejo segue tirando o sono do lojista brasileiro. Em São Paulo, quase metade dos empresários entrou em dezembro com mercadoria em excesso ou insuficiente para atender à demanda projetada para o período natalino.
A estimativa é da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e revela que o percentual de varejistas com muito estoque somou 32,4% – alta de 0,8 ponto percentual (p.p.) sobre o mês anterior – , enquanto outros 16% entendem ter menos produtos que o necessário para suprir as vendas deste mês (+0,2 p.p. na mesma base de comparação).
“Os varejistas estão cautelosos: muitos não rechearam demais as gôndolas para o Natal e agora acham que têm pouco estoque, enquanto outros sentiram pouco movimento nas lojas no final de novembro e já concluíram que arcarão com o estoque parado”, diz o especialista em varejo e consultor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Bauru, Lucas Santos.
Para o especialista, a tendência é que alguns setores consigam desovar com mais facilidade o estoque, como é o caso dos segmentos de vestuário e calçados e lojas com produtos importados e com baixo tíquete médio. “Na outra ponta, varejistas que ficaram com muito estoque da Black Friday muito possivelmente terão que trabalhar com os itens remanescentes nas promoções pós Natal.”
Para os economistas da FecomercioSP, apesar do percentual de varejistas descontentes com o estoque ter atingido a maior proporção histórica, o destaque do Índice de Estoques (IE) foi o avanço do número de lojistas que acreditam ter pouco produto para vender. “A parcela de lojistas que entendem ter menos estoque que o ideal atingiu o maior patamar desde maio de 2016, resultado do aumento das vendas”, disse a federação, em nota, mas ressaltando que também subiu a proporção de lojistas com muito estoque.
“O que a gente espera é que isso seja apenas um efeito estatístico de empresários que aumentaram seus estoques para as vendas de fim de ano, e, que, após o Natal, estejam com as prateleiras com menor volume”, dizia a nota.
Muita cautela
Apesar do otimismo, tanto Souza, da CDL, quanto a Fecomercio alertam que o varejista precisa ser moderado nas projeções de vendas, para que os estoques não virem grandes prejuízos. “A Federação entende que, em parte, a ansiedade dos varejistas em vender mais é compreensível após três anos de quedas dos negócios, porém, é indicado que se aproveite esse período de recuperação econômica para adequar os estoques, trazendo-os para patamares mais baixos –já que o custo de se manter estoques elevados acaba prejudicando os resultados da empresa”.
O indicador da Fecomercio, que analisa o varejo da cidade de São Paulo, registrou queda de 2%, passando de 105,1 pontos em novembro para 103 pontos em dezembro. É a terceira retração seguida e, ante ao mesmo mês de 2016, quando o índice atingia 106,1 pontos, houve retração de 2,9%. Os dados que compõem o IE captam a percepção dos varejistas sobre o volume de mercadorias estocadas nas lojas, e varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total).
Fonte: DCI São Paulo