O consumidor da região sentiu maior peso no bolso neste ano ao ir ao supermercado. A cesta básica encerrou o ano custando R$ 576,51, de acordo com a pesquisa da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André). Significa que os gastos com itens de primeira necessidade encareceram 5,24%, ou R$ 28,69 a mais.
Em um ano em que a inflação oficial do País sofreu forte queda, influenciada pela redução nos valores dos alimentos, os dados parecem controversos. Conforme expectativa do mercado financeiro no boletim Focus, do Banco Central, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deverá encerrar 2017 em 2,78%. Até novembro, o indicador acumulou 2,5% ao ano – menor patamar para o acumulado do ano desde 1998.
Questionado sobre a impressão de muitos consumidores de, ao fazerem as compras no supermercado, não notar economia, o professor de Finanças da Fipecafi George Sales explica que isso ocorre porque o IPCA é composto por cesta teórica de consumo baseada mais em produtos in natura do que em itens industrializados, adquiridos por muita gente, o que eleva os gastos.
O engenheiro agrônomo da Craisa, Fábio Vezzá De Benedetto, lembra que, no ano passado, o incremento da cesta básica foi bem superior, de 12% ante 2015, com dispêndio R$ 60,99 maior.
Desta vez, o vilão das compras de primeira necessidade foi o arroz, que subiu 20,3% em 2017, passando de R$ 11,02 para R$ 13,27 o saco de cinco quilos. “No ano passado, as reservas mundiais de arroz diminuíram 1%, justamente quando o comércio internacional foi reativado, especialmente por parte dos países orientais. Com o aumento da demanda, o preço inflacionou. Aliado a isso, como cereal é cotado em dólar, acabamos pagando mais caro também”, explica De Benedetto.
O café também subiu, 65,2%, para R$ 9,78, e a margarina, 54%, para R$ 4,49. Açúcar, óleo e ovos também encareceram, 9,18% (para R$ 2,59), 9,33% (R$ 3,42), 9,83% (R$ 6,10), respectivamente.
Por outro lado, o especialista destaca que os desembolsos no supermercado só não foram maiores graças à redução dos valores do feijão (12,6%, para R$ 4,63), batata (46,2%, para R$ 2,54) e cebola (31,33%, para R$ 2,25). “Em 2016, os preços desses produtos estavam altos, o que estimulou o plantio neste ano. Só que a oferta aumentou muito, e os valores caíram. Isso é um ciclo vicioso que ocorre por falta de planejamento agrícola.”
Fonte: Diário do Grande ABC