O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) reduziu o ritmo de queda em abril. Após cair 0,74% em março, o indicador medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) registrou variação negativa de 0,15% na última apuração. No acumulado de 12 meses, a taxa continua em desaceleração. De março para abril, alta passou de 6,27% para 5,38%, a menor variação desde agosto de 2007, quando ficou em 4,63%.
A tendência é que a deflação continue perdendo força, mas o movimento não deve impedir o recuo da inflação no ano. O coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Salomão Quadros, não descarta uma elevação do IGP-M inferior a 3% em 2009.
"A taxa em 12 meses ainda tem espaço para queda", afirmou economista. Na avaliação de Quadros, as altas superiores a 1% registradas em maio (1,61%), junho (1,98%) e julho (1,76%) do ano passado, período em que a economia ainda estava aquecida, dificilmente se repetirão nos próximos três meses.
Com uma alta de 0,84% dos produtos agropecuários em abril, após retração de 2,82%, o Índice de Preços por Atacado (IPA), que representa 60% do indicador geral, que recuou 1,24% em março, caiu em menor intensidade neste mês, 0,44%. O destaque é a alta de 3,97% do custo da soja (em grão). "A impressão é de que a deflação está perdendo força. Muito da nossa deflação está relacionado à queda dos preços das commodities. A maior parte do movimento acompanha o que acontece no mercado internacional", disse.
A queda mais acentuada dos preços dos produtos industriais no atacado, no entanto, compensou a alta dos agrícolas e segurou a deflação do IGP-M de abril. O indicador dos industrializados passou de uma retração 0,72% para um declínio de 0,85%.
"Os bens intermediários é que estão ancorando a deflação", afirmou Quadros. Nesse setor, a queda de preços em abril se manteve próxima a do mês anterior, em 1,36%, contra 1,33% em março, com recuos expressivos em produtos siderúrgicos, couro, celulose, entre outros. Por outro lado, os agropecuários elevaram os custos com matérias-primas brutas, que passaram de um queda de 2,97% para alta de 0,06%. "Mais de 90% da alta do IPA é justificada pelas matérias-primas brutas, com destaque para os agropecuários."
Os bens finais também apresentaram aceleração, passando de um acréscimo de 0,15% para 0,33% entre março e abril. A principal contribuição para a alta partiu dos bens de consumo duráveis, cujos preços caíram menos, 0,76% contra 1,60% no mês anterior. A principal diferença entre um mês e outro está nos automóveis, que passaram de uma queda de 2,12% para 0,71%.
No varejo, o movimento é de aumento maior de preços. Em abril, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,58%, após elevação de 0,43%. A pressão inflacionária partiu do grupo alimentação, que passou de uma variação positiva de 0,60% para 1,13%. "Os produtos in natura foram responsáveis por dois terços da inflação dos alimentos", disse.
Na construção civil, também houve redução do ritmo de queda de preços. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), em queda de 0,17% em março, caiu 0,01% em abril.
Veículo: Gazeta Mercantil