Indústria paulista tem o pior primeiro trimestre desde 2003

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A indústria paulista voltou a registrar desempenho positivo em março, com um crescimento de 0,5% sobre fevereiro, considerando o ajuste sazonal. O resultado, no entanto, não foi suficiente para evitar uma queda recorde no primeiro trimestre do ano. Na comparação com igual mês do ano passado, o nível de atividade industrial registrou retração de 13,1% e acumula queda de 14,9% nos três primeiros meses do ano em relação a janeiro e março de 2008. É o pior resultado para o período desde 2003, início da série histórica da pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

 

A entidade revisou os dados para o Indicador de Nível de Atividade (INA) de fevereiro, de uma alta de 1,1% para queda de 1,1% em relação a janeiro. "Em março, a queda foi interrompida, mas o setor não recuperou o nível de atividade do ano passado", disse o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da entidade, Paulo Francini, que não vislumbra um "impulso" de recuperação da queda sofrida pela indústria com a crise.

 

Segundo Francini, ainda não há sinais evidentes da retomada da atividade em setores de peso da indústria paulista. Dos 17 ramos de atividade industrial pesquisados pela Fiesp, sete segmentos, a maioria ligada à produção de bens intermediários, concentraram mais de 60% da queda da atividade industrial de quase 15% no primeiro trimestre do ano. "Esses setores carregam 40% da indústria paulista e apresentaram uma queda de 23%", afirmou o diretor da Fiesp.

 

Entre eles estão setores como metalurgia básica, com queda de 30,8¨% no período, máquinas e equipamentos (-22,1%), produtos metálicos (-39,6%), artigos de borracha e plástico 15,9%, máquinas, parelhos e materiais elétricos (-21,3%) e veículos automotores (22,4%). "São os que mais sofreram com a crise e não mostram sinais iminentes de recuperação", disse Francini.

 

Na metalurgia básica, por exemplo, o nível de atividade continua em declínio. Entre fevereiro e março, houve recuo de 3,9%, na série com ajuste sazonal. Na comparação com março do ano passado, o tombo foi de 32,2% e setor já acumula queda de 10,1% em 12 meses.
Também seguindo trajetória de queda, máquinas e equipamentos apresentou uma retração de 1% em relação ao mês anterior. A redução foi de 22,1% sobre março do ano passado e de 4,6% em 12 meses, segundo a pesquisa divulgada ontem pela Fiesp.

 

Em sentido oposto, a indústria têxtil começa a ensaiar uma recuperação, com uma expansão de 2,9% na comparação com fevereiro. Francini atribuiu a alta à redução da importação de produtos têxteis, influenciada pela alta do dólar em relação ao real e escassez de crédito no comércio internacional.
No mês de março, o nível de utilização da capacidade instalada da indústria paulista recuou para 76,7%, o menor patamar desde julho de 2003, quando atingiu 75,5%. Em relação ao mês anterior, as vendas reais, no entanto, apresentaram alta de 18,7%, o total de horas pagas avançou 4,2% e as horas trabalhadas na produção subiram 5,2%. O salário real médio, por outro lado, caiu 0,4% na mesma comparação.

 

Melhora no humor

 

O Sensor da Fiesp, uma espécie de indicador antecedente, aponta para uma melhora na confiança do empresário. Da primeira para a segunda quinzena de abril, o índice subiu de 49,5 para 51,4 pontos - acima de 50, sinalizando otimismo. "O resultado mostra uma ligeira indicação de crescimento", disse.

 

A evolução está amparada nos indicadores de mercado e vendas, que atingiram 57,9 e 54,4 pontos, respectivamente. Também tiveram recuperação emprego (51) e investimentos (53,8). A indústria ainda mostra, no entanto, excesso de estoques 39,8.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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