A nebulosidade do futuro do País, que hoje se resume ao cenário eleitoral de outubro, segue pressionando as expectativas dos consumidores. Para 35% dos brasileiros, o atual cenário econômico dentro do País ainda tende a piorar, o que reflete diretamente nas próprias finanças.
Os dados fazem parte do Indicador de Confiança do Consumidor (ICC), mapeado pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
De acordo com o estudo, 42% dos entrevistados se mostraram neutros com relação ao futuro, em um exercício de paciência para avaliar como se dará o quadro nacional após a eleição de outubro para então fazer projeções.
“O brasileiro está em sinal de alerta. Ainda que haja renda, não há motivação macroeconômica para fazer compras de alto valor agregado. Essa postura se dará, na melhor das alternativas, até o começo do ano que vem”, resumiu a professora de macroeconomia e especialista em consumo das famílias, Miriam Rosseta.
Exemplo disso pode ser visto no indicador geral de confiança, que em agosto – mesmo crescendo 3,47% ante a julho, ainda permanece a baixo dos 50 pontos, cifra que difere a visão positiva da negativa em temas como emprego, economia e intenção de compras.
De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, as incertezas do cenário eleitoral somadas à tímida recuperação da economia seguem afetando a confiança dos brasileiros, mesmo com a melhora do indicador no último mês. “O emprego e a renda são variáveis essenciais na formação da confiança, mas dependem de um ritmo mais vigoroso de avanço da atividade econômica”, conta ela.
Momento atual
O Indicador de Confiança do Consumidor é composto por dois subindicadores: o de Percepção do Cenário Atual e o de Expectativas para o Futuro. Em agosto, o Indicador de Percepção do Cenário Atual obteve a marca de 29,8 pontos, enquanto o Indicador de Expectativas pontuou 55,0, mantendo-se acima dos 50 pontos desde o início da série, exceto em junho deste ano, quando chegou a 48,6 resultado da greve dos caminhoneiros.
Em termos percentuais, a sondagem revela que 81% dos consumidores consideram ruim o desempenho da economia no momento atual. Outros 17% acham o cenário regular e apenas 1% avaliam que o quadro é bom. A principal queixa é o desemprego, mencionado por 73% desses consumidores.
Com relação as finanças pessoais, 41% consideram sua situação financeira ruim.
A sondagem também chama a atenção para o custo de vida, apontado por 49% dos entrevistados como o principal peso sobre o orçamento familiar. O endividamento é um fator que se destaca, mencionado por 17%, seguido do desemprego e queda dos rendimentos (10%).
Sobre evolução de preços, 92% notaram aumento das contas de luz na comparação entre agosto e julho. Para 90%, a alta foi percebida no valor dos produtos nos supermercados e 86% viram os preços dos combustíveis dispararem. Na sequência, aparecem os itens de vestuário (70%), restaurantes (68%) e telefonia (65%).
Fonte: DCI