A inflação acelerou para os brasileiros de todas as faixas de renda em setembro. Contudo, a alta dos preços dos combustíveis foi mais intensa para as famílias mais ricas, mostrou o indicador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Calculado com base nas variações de preços de bens e serviços pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o indicador mostra que na renda muito baixa, a inflação apresentou variação de 0,34% em setembro, enquanto que para os mais ricos subiu 0,53%. No geral, isto é, o IPCA teve aumento de 0,48% no mês passado.
Segundo o Ipea, embora a forte alta do grupo transportes – em especial, combustíveis (4,2%) e passagens aéreas (16,8%) – tenha pressionado a inflação de todas as faixas, este impacto foi bem mais intenso no segmento composto pelas famílias de maior poder aquisitivo, dado o peso destes itens na cesta de consumo desta classe (0,39 ponto percentual de contribuição para a variação do custo aos ricos).
Ainda em termos relativos, observa-se que o grupo despesas pessoais, influenciado pelas altas dos serviços pessoais (0,42%) e de recreação (0,30%), gerou maior contribuição para a inflação das classes mais ricas em setembro.
No entanto, a alta dos grupos alimentos e bebidas e habitação gerou incrementos maiores para a inflação das famílias mais pobres em comparação com as mais abastadas.
O Ipea explica que por serem itens de maior peso no dispêndio das classes mais baixas, os reajustes do aluguel (0,24%), da energia elétrica (0,46%), dos cereais (1,7%) e dos panificados (0,9%) influenciaram mais fortemente a inflação dos segmentos de menor renda.
Trajetória
Com a incorporação do resultado de setembro, no acumulado do ano até setembro, mantém-se a trajetória de uma inflação mais amena para as famílias mais pobres (3,0%) em comparação aos segmentos de renda mais alta (3,6%).
Em 12 meses, este diferencial de inflação entre as faixas é ainda maior: enquanto os preços dos bens e serviços consumidos pela população de maior renda apresentam taxa de crescimento de 4,9%, a variação observada nas classes mais baixas é de 3,9%.
No entanto, o Ipea observou que todas as faixas apresentaram aceleração nas suas taxas de inflação em 12 meses – com destaque, novamente, para a renda mais rica com acréscimo de 4,85% nos preços no período –, tendo em vista que os índices observados em setembro deste ano situaram-se bem acima dos registrados no mesmo mês do ano anterior.
Fonte: DCI