A combinação de fatores como a liberação de recursos do PIS/Pasep, a queda gradual das taxas de desemprego e de juros deve impulsionar o setor do varejo em direção aos patamares de crescimento verificados no período de pré-greve dos caminhoneiros.
“O efeito da liberação de recursos do PIS/Pasep estará muito concentrado no resultado dos meses de agosto e setembro, dando força para o varejo fechar o ano no azul”, afirmou o chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes.
De acordo com ele, no mês a abril, o comércio nacional vinha em uma trajetória positiva de crescimento e recuperação (1,2%) – que foi interrompida pela paralisação dos caminhoneiros.
Em agosto, o varejo obteve o melhor resultado verificado para o mês nos últimos quatro anos, com avanço de 1,3% nas vendas, segundo dados do balanço mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado na última quinta-feira. A recuperação ocorreu após o registro de três quedas mensais consecutivas.
“De outubro em diante, os patamares de crescimento do comércio devem se manter em torno de 1%”, observou ele.
Para Bentes, a tendência de retomada se deve também aos preços controlados e linhas de crédito mais atrativas para os consumidores, que podem ajudar a empurrar a retomada das vendas no segmento de veículos e autopeças.
“Acredito que esse movimento já esteja acontecendo. Ninguém consegue comprar um veículo com os recursos do PIS/Pasep. Mas, pelo menos, os consumidores estão conseguindo dar entrada nos automóveis”, afirmou.
De acordo com a pesquisa feita pelo IBGE, esse segmento foi um dos que apresentou maior taxa de crescimento, 5,4% na comparação com o mês anterior. “Dos 10 mercados analisados pelo IBGE, apenas um não teve avanço nas vendas no período” diz.
Com isso, a CNC revisou a previsão de incremento anual no setor do varejo para 2018, passando de 4,3% para 4,5%.
Comemoração moderada
Para a sócia da consultoria Blue Numbers, Camila Pacheco, o saldo representa o início de um longo processo de recuperação dos prejuízos acumulados nos últimos anos.
“Sem dúvida é um resultado positivo, mas estamos longe de superar as perdas que tivemos. Esse número deve ser interpretado não como uma forte aceleração, mas como um sinal de lenta retomada”, afirmou ela.
De acordo com Camila, o setor do varejo deve efetivamente apresentar um crescimento robusto apenas no segundo trimestre de 2019. “Podemos imaginar o comércio como uma máquina muito pesada que estava parada. Alguém começou a empurrá-la, mas está longe de deslanchar.”
Fonte: DCI