Vulnerável em relação às oscilações de confiança dos lojistas e dos consumidores, o setor do comércio espera evolução “morna” das vendas e menor intenção de contratações temporárias para as datas comemorativas. Com exceção do varejo têxtil, itens não duráveis devem registrar melhor desempenho.
De acordo com presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Cláudio Felisoni, o setor do comércio ensaia recuperação ainda tímida nas vendas até o final de 2018 – tendo em vista uma base de comparação aquém do desejado pelo mercado nos meses anteriores e um cenário econômico conturbado até o momento.
“Os segmentos de bens duráveis, por exemplo, foi um dos mercados que registrou as maiores quedas nos meses passados, considerando que são itens muito ligados a confiança do consumidor na economia”, disse Felisoni.
Segundo um estudo realizado pela entidade, e obtidos com exclusividade pelo DCI, a projeção de vendas do varejo restrito para novembro atingiu 93,75 pontos – avanço de 0,10%, praticamente estável frente ao mês anterior.
Já no que diz respeito especificamente ao segmento de eletrodomésticos, o nível de comercialização dessa categoria de bens deve registrar incremento quase nulo, de 0,04%, na mesma base de comparação. Ainda segundo o balanço da entidade, em relação ao mesmo período do ano passado, a queda foi de cerca de 3,25%. Outro segmento apontado pelo estudo com desempenho negativo é o varejo têxtil.
Em outubro de 2018, as vendas de produtos de vestuário caíram 3,39% ante o mesmo período do ano passado. Sobre a evolução do volume de vendas para novembro, a perspectiva é que haja estagnação.
Nesse sentido, segundo o economista-chefe da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, o cenário cambial até o momento tem contribuído para uma postura de maior cautela por parte dos comerciantes na hora de realizar investimentos.
“Uma boa parte dos gastos mensais dos brasileiros está dolarizada, como por exemplo os custos com gasolina”, afirma, destacando que – com uma tendência de equilíbrio no câmbio – o poder de compra e nível de investimento do lojista pode voltar a crescer. De acordo com o balanço feito pela entidade, para este Natal deverão ser abertas 72,7 mil vagas temporárias no setor – uma queda de 1,7% frente ao mesmo período 2017.
Dessa forma, mesmo com 64,4% dos empresários entrevistados declarando intenção de contratar colaboradores temporários para as vendas de final de ano, o percentual registrado está abaixo da média histórica (78,8%); enquanto que a confiança do comerciante também teve retração de 0,02% em outubro em comparação o mês anterior.
Apesar desse cenário geral pessimista, Bentes também acha que o setor de bens não duráveis deve ter bom desempenho no final do ano. “O segmento de supermercado, por exemplo, são os maiores empregadores do setor de comércio”, disse Bentes, lembrando que o recebimento do 13º salário deve ajudar no movimento de consumo. “Pode ser que ocorra uma revisão na perspectiva de crescimento [4,5%] do varejo até o final do ano”, afirmou o economista.
Setor têxtil
Para o presidente da Associação Brasileira de Indústria Têxtil e Confecção (Abit), Fernando Pimentel, “2018 é um ano que não vai deixar saudades”.
“Hoje, estamos no negativo. Mas devemos crescer em torno de 1%”, afirmou Pimentel. Em 2017, o setor têxtil obteve incremento de 5,6% ante 2016.
De acordo com o presidente da entidade, diferentemente do ano passado, em 2018 foi um período no qual os clientes optaram pelo consumo de outros tipos de bens – como por exemplo automóveis. Além disso, Pimentel pontua que, no curto prazo, os players os quais não tomaram medidas contra os impactos da alta do dólar viram suas operações afetadas – com a necessidade de transferir parte da confecção para áreas locais.
No entanto, ele esboça um otimismo com as chances de uma estabilidade no câmbio e perspectiva desse setor avançar mais em 2019.
Fonte: DCI