Com base num cenário hipotético de aprovação da reforma da Previdência Social, a expectativa da BNP Paribas Asset Managent é que a taxa de desemprego recue do patamar próximo de 12%, para a faixa de 10% no horizonte até 2020.
Essa possível redução da desocupação, ainda que elevada, está relacionada – no ambiente de pós-reformas – a uma retomada da confiança dos empresários para investimentos e para aproveitar um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no período do próximo governo.
“A taxa neutra de desemprego nunca foi muito baixa no Brasil. Mesmo nos anos de pleno emprego, ela ficava em torno de 8%. Muita gente saiu do mercado de trabalho na crise [2015 a 2016] e a educação não evoluiu nada no Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes], temos o desafio de melhorar a produtividade da mão-de-obra”, afirma a economista-chefe da BNP Paribas Asset Management, Tatiana Pinheiro.
Em apresentação realizada ontem no 7° Seminário da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar Fechada (Abrapp), a economista-chefe condicionou a redução do desemprego e a manutenção dos juros básicos (Selic) em um dígito ao endereçamento do ajuste fiscal no curto prazo.
“A aprovação de uma idade mínima em torno dos 60 anos e uma regra de transição seria suficiente para manter uma taxa de juros abaixo de dois dígitos – em no máximo 8,5% ao ano. Sem a reforma, a Selic volta para a média de 14% ao ano, que tínhamos antes”, disse.
Tatiana completou que uma reforma da Previdência como a proposta recentemente pelo economista Paulo Tafner [e o ex-BC, Armínio Fraga] seria “um sonho” e traria a taxa de juros estrutural para baixo.
Em outro painel, o economista da Bradesco Asset Management (Bram), Thiago Neves Pereira, disse aos participantes do evento que num cenário de aprovação das reformas, a taxa de desemprego deve recuar para 10,5% até 2020. A Bram trabalha com uma previsão de crescimento médio de 3% ao ano do PIB entre 2019 a 2022.
“A última vez que consumo e investimentos cresceram juntos foi em 2013. Para se atingir o mesmo nível de 2013, o investimento tem que crescer 7,8% ao ano até 2022”, falou Pereira aos presentes.
Ele notou que de janeiro deste ano para outubro houve uma queda da confiança. “Mas há espaço para uma recuperação rápida da confiança se o governo encontrar uma solução fiscal para o País e seus entes [estados]”, disse Pereira.
Riscos internacionais
Além da “lição de casa” a ser feita pelo Brasil, o seminário da Abrapp também discutiu os riscos do cenário externo. “Os EUA estão crescendo há nove anos. Em 2019, irá se confirmar a expansão mais longa da história americana, com isso, a probabilidade de termos uma recessão nos EUA nos próximos dois anos aumenta”, alertou a estrategista-chefe de mercado global do JP Morgan, Gabriela Santos aos participantes de fundos de pensão.
Ela completou que as tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos está levando “muita preocupação” aos investidores globais, com reflexos para países emergentes.
Fonte: DCI