O faturamento do parque fabril mineiro caiu 6,4% em março na comparação com fevereiro deste exercício. Em relação ao mesmo período do ano anterior o recuo foi de 1,1%.
As baixas refletem as primeiras medidas de distanciamento social adotadas em Minas Gerais no combate ao novo coronavírus (Covid-19) e tendem a ser ainda mais fortes nos próximos meses, devido à ampliação das restrições de funcionamento das diferentes atividades em todo o Estado, a partir de abril.
Também em virtude das paralisações, as horas trabalhadas na produção registraram a maior queda mensal em pouco mais de cinco anos, chegando a -5,3% na comparação com fevereiro. E a utilização da capacidade instalada caiu 3,4 pontos percentuais, saindo de 81,4% no segundo mês de 2020 para 78% em março deste ano, influenciada, principalmente, pela queda de 4,7 pontos percentuais na indústria de transformação.
Os números constam da Pesquisa Indicadores Industriais (Index), elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), e mostram que, as influências negativas nos resultados partiram tanto da indústria de transformação quanto da indústria extrativa. Para se ter uma ideia, apenas em termos de faturamento, os números foram de -4,5% e -12,9% sobre o mês imediatamente anterior, respectivamente. Já frente a março do ano passado, os números foram de -2,2% e 16,6%, pela ordem.
Em relação aos próximos meses e ao acumulado do ano, a analista de estudos econômicos da Federação, Julia Silper, disse ainda não ser possível traçar expectativas, mas que, no curto prazo, os impactos serão mais intensos, com perspectiva de recuo intenso da atividade industrial, tendo em vista: a vigência das medidas de isolamento social; a incerteza quanto à eficácia das políticas de preservação do emprego e da renda; a elevada ociosidade do parque industrial; a queda da confiança dos empresários e dos consumidores; e a piora das condições financeiras das empresas e das famílias.
“As ações mais rígidas de distanciamento social começaram a ser adotadas em meados de março. Por isso, naquele mês, ainda tivemos duas semanas de atividades normais. Mas, a partir de abril, o impacto já terá sido sobre os 30 dias”, ressaltou.
Com o desempenho, a indústria mineira encerrou o primeiro trimestre de 2020 com estabilidade nas receitas (-0,1%), aumento de 2,2% nas horas trabalhadas, de 4,9% no emprego e de 2,7% na massa salarial real. Neste caso, a analista da Fiemg explicou que o desempenho das atividades industriais do Estado havia começado o ano bem, por este motivo, o desempenho do primeiro trimestre do exercício não foi majoritariamente afetado.
“Mas a perspectiva é que isso se reverta ao longo do ano, porque embora os resultados até fevereiro viessem apontando recuperação da indústria, o cenário mudou a partir de março”, ponderou.
Empregos – Conforme o Index, ainda em março, o emprego na indústria geral cresceu 0,3%, ante fevereiro, em razão do desempenho positivo da indústria de transformação (0,3%), e a despeito da queda na indústria extrativa (-0,2%). Sobre o mesmo mês de 2019, o índice subiu 5,2%.
Quanto a massa salarial, na indústria geral, houve incremento de 0,6% em março, frente a fevereiro, enquanto em relação a março de 2019, o índice geral cresceu 2,8%, devido ao aumento de 20,9% na indústria extrativa e de 1,2% na indústria de transformação.
Bolsonaro libera alguns segmentos
Brasília – O presidente Jair Bolsonaro ampliou a lista de serviços considerados essenciais durante a pandemia do novo coronavírus, com novas atividades industriais entre aquelas que podem continuar funcionando, segundo decreto publicado ontem.
No decreto, Bolsonaro inclui “atividades industriais, obedecidas as determinações do Ministério da Saúde”, sem especificar os setores industriais. O Ministério da Saúde tem dado apenas orientações gerais sobre medidas para evitar a propagação do Covid-19.
Em decreto de março, “indústrias químicas e petroquímicas de matérias-primas ou produtos de saúde, higiene, alimentos e bebidas” já eram listadas no rol de serviços essenciais.
O texto desta quinta também autorizou o funcionamento de atividades de construção civil, também obedecendo determinações do Ministério da Saúde, conforme o presidente havia anunciado mais cedo.
Em entrevista no início da noite na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que outras atividades serão consideradas essenciais nos próximos dias.
O presidente tem pressionado pela retomada da atividade econômica e criticado o que considera exagero de alguns estados e municípios que estariam tomando medidas excessivas para conter a propagação do novo coronavírus.
Fonte: Diário do Comércio