Produção industrial cresce 8% em julho, mas ainda não elimina perdas com pandemia

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A produção industrial brasileira cresceu 8% em julho, na comparação com junho, segundo divulgou nesta quinta-feira (3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da 3ª alta consecutiva, o resultado de ainda não foi suficiente para eliminar a perda de 27% acumulada em março e abril, que levou o patamar de produção ao seu ponto mais baixo da série.

 

A indústria ainda permanece 6% abaixo do nível visto em fevereiro, antes das paralisações e medidas de isolamento para contenção do coronavírus.

O avanço registrado em julho também representa uma desaceleração em relação ao crescimento de 8,7% de maio e de 9,7% de julho, segundo dados revisados pelo IBGE.

 

Na comparação com julho do ano passado, a indústria seguiu no vermelho, com queda de 3%, o nono resultado negativo.

O resultado ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de ganho de 5,7% ante junho e de perda de 6,4% na comparação interanual, reforçando a leitura de um cenário de recuperação gradual da economia brasileira.

 

Queda de 9,6% no ano


No acumulado no ano, a indústria ainda acumula perda de 9,6%. Em 12 meses, a queda acumulada ainda é de 5,7%, marcando o recuo mais intenso desde dezembro de 2016 (-6,4%) e acelerando a perda frente aos meses anteriores.

O avanço de 8% da atividade industrial em julho alcançou todas as grandes categorias econômicas, com altas em 25 dos 26 ramos pesquisados.

 

"Muita gente fora do mercado e sem emprego são variáveis importantes para acompanhar daqui para a frente. O mercado de trabalho é importante para uma consistência da eventual retomada da produção industrial", acrescentou.

 

Produção de veículos avança 43,9%


Entre as atividades, a alta mais relevante foi a da produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, que avançou 43,9% contra junho. Segundo o IBGE, o crescimento foi impulsionado, em grande medida, pela continuidade do retorno à produção após a interrupção em função da pandemia. O setor acumulou expansão de 761,3% em três meses, mas ainda assim se encontra 32,9% abaixo do patamar de fevereiro.

 

Outros destaques no mês com maior contribuição para o índice geral foram observados na metalurgia (18,7%), indústrias extrativas (6,7%), em máquinas e equipamentos (14,2%), produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,8%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (13,8%), e em máquinas, aparelhos e materiais elétricos (12%).


A única queda em julho ocorreu no ramo de impressão e reprodução de gravações, com baixa de 40,6%. A atividade havia registrado expansão de 77,1% em junho, quando interrompeu dois meses de consecutivos de redução na produção, período em que acumulou perda de 27,7%.

 

Já no índice das grandes categorias, o destaque foi a produção de bens de consumo duráveis, que avançou 42%. Ainda assim, esse segmento se encontra 15,2% abaixo do patamar de fevereiro último.

 

Os setores produtores de bens de capital (15%) e de bens intermediários (8,4%) também cresceram acima da média geral da indústria. Já o de bens de consumo semi e não duráveis (4,7%) registrou o crescimento menos intenso. Todos os 3 também seguem abaixo do nível pré-pandemia.

 

Perspectivas


No segundo trimestre, a indústria foi a mais afetada pelas consequências do coronavírus, com recuo recorde da produção de 12,3% sobre os três primeiros meses do ano, segundo os dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados esta semana pelo IBGE.

 

Após o tombo recorde da indústria e da economia brasileira, a expectativa é de recuperação gradual no 3º trimestre, apesar das incertezas sobre a dinâmica da pandemia de coronavírus e rumo das contas públicas.

 

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) da Fundação Getulio Vargas avançou pelo 4º mês seguido em agosto, recuperando 93,8% das perdas registradas entre março e abril, em meio à redução da ociosidade e melhora das expectativas.

 

A estimativa atual do mercado é de um tombo de 5,28% do PIB em 2020, segundo a pesquisa Focus do Banco Central. Mesmo com a melhora das previsões nas últimas semanas e redução do pessimismo, ainda deverá ser de longe o pior desempenho anual já registrado no país.


Fonte: G1

 


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