A crise financeira global dizimou as chances de sucesso das metas da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que já eram consideradas difíceis pela indústria. Lançada com pompa pelo governo em maio do ano passado, quando a economia crescia num ritmo superior a 6% ao ano, a PDP ficou desatualizada. Representantes do setor produtivo pressionam agora o governo para que a política seja revista à luz do pós-crise.
“A prioridade é incentivar o investimento na inovação tecnológica e modernização da indústria nacional”, defende o diretor do Departamento de Produtividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz Coelho. Além de fortalecer a competitividade do produto brasileiro, a medida estimula o setor de bens de capital, estratégico para a economia do País, cuja produção desabou com a crise, diz.
Para o empresário Mario Bernardini, assessor econômico da diretoria da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), até agora o governo agiu sem plano estratégico. “Incentivou mais o consumo, o que no curto prazo dá resultado, mas no longo prazo é ineficiente”, observa. “Isso deveria ter sido feito, mas com um objetivo na frente.”
Para exemplificar, Bernardini faz uma comparação com a China. Em razão da crise, o governo chinês priorizou ampliar os investimentos em ferrovias e infraestrutura. “Eles vão sair da crise mais competitivos do que entraram. Nós, tirando o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de carros e eletrodomésticos, vamos sair da crise antes, porém não sairemos mais competitivos.”
O incentivo aos investimentos pleiteado pela indústria se resume em desoneração tributária. O problema é que o governo já disse que esgotou sua capacidade de reduzir impostos. Um dos argumentos mais usados pelo setor para justificar o pleito é o fato de o Brasil ser hoje um dos poucos países a tributar investimento. Tanto que não causou surpresa para a diretoria da Fiesp os resultados de uma pesquisa da entidade sobre intenção de investir em 2009 mostrando que a carga tributária é apontada por 64% dos entrevistados como o maior obstáculo ao investimento. (AE)
Veículo - Repórter Diário