A balança comercial do país fechou julho com um superávit de US$ 2,928 bilhões, 12,04% abaixo do saldo verificado no mesmo mês do ano passado, de US$ 3,329 bilhões. O número também foi inferior às previsões dos analistas, que variavam entre US$ 3,2 bilhões e US$ 4,2 bilhões. Entretanto, tanto o mercado quanto o secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Welber Barral, não acreditam que o resultado terá impacto sobre as estimativas para 2009.
"Evidentemente começa a haver agora um efeito relacionado com a taxa de câmbio, que mudou há três meses. Mas ainda é uma variação muito pequena. Em 2007, houve algo parecido. É o período em que acaba a safra de soja e há pequenas variações na exportação", afirmou Barral, que participou do 1º Fórum Brasileiro de Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs), realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), no Centro do Rio.
A economista do Banco BBM Ana Flávia Soares, destacou que este movimento mais fraco do final de julho teve ligação com um comportamento menos favorável da balança exatamente nos últimos dias do mês. "As exportações, na última semana de julho, vieram muito fracas", disse Ana Flávia, acrescentando que as remessas de carne bovina do Brasil para o exterior teriam diminuído neste período em função de problemas de embarque do produto no Paraná e em Santa Catarina.
Ana Flávia prevê ainda que tendência do segundo semestre é uma recuperação das importações, o que levaria os superávits mensais para níveis um pouco menores que os observados recentemente, quando as exportações de produtos básicos, como a soja, foram bastante importantes para o comportamento da balança. Para o encerramento de 2009, o BBM ainda trabalha com uma estimativa de superávit comercial acumulado de US$ 26 bilhões, o que representaria um resultado ironicamente melhor que o de 2008, de US$ 24,735 bilhões, quando os impactos da crise financeira global ainda só começavam a atingir as economias. "Com certeza, o desempenho do setor externo brasileiro surpreendeu para cima", afirmou, fazendo uma comparação com estimativas menos animadoras do mercado do começo do ano.
No ano, a balança comercial brasileira acumula, um superávit de US$ 16,913 bilhões, resultado 15,6% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando a balança acumulava superávit de US$ 14,630 bilhões. As exportações nos primeiros sete meses do ano somam US$ 84,095 bilhões, com média diária de US$ 580 milhões. Pelo critério da média diária, o desempenho das exportações neste ano está 23,8% inferior ao verificado no mesmo período de 2008, quando a média diária das exportações era de US$ 760,9 milhões.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ