A marolinha e o imposto escorchante

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Os mais respeitados economistas dizem que a crise internacional já acabou para o Brasil e que agora já podemos respirar aliviados e retomar a vida normal. Isso quer dizer que o presidente Lula estava certo quando dizia que o “tsunami” dos Estados Unidos chegaria aqui como uma simples marolinha. Foi assim porque o governo teve a sensibilidade de desonerar a produção durante a tormenta. Quando todo mundo, especialmente os EUA, deixou de consumir por conta da recessão, o brasileiro foi chamado a comprar, transacionar e a financiar porque os produtos ficaram mais baratos com a isenção de impostos.

 

O tempo de crise serviu para demonstrar que o Brasil possui uma economia forte e destemida. Apesar da carga tributária leonina, o nosso empresariado e o público consumidor não param e fazem o país crescer. O tempo difícil foi suficiente para comprovar que vivemos num nicho que pouco se importa com o que ocorre lá fora, desde que aqui exista uma lógica e um mínimo de segurança econômica.

 

Passada a tormenta, é chegada a hora do governo deixar de ser o grande algoz da economia e partir para lucrar no volume, sem castigar quem produz e aquele que consome o produto da indústria nacional. Se o automóvel, o eletrodoméstico, o material de construção e tudo aquilo que a indústria nacional comercializa tivesse menos impostos, o mercado certamente seria mais firme e todos lucraríamos. A indústria poderia produzir mais, o consumidor estaria melhor servido e o governo arrecadaria bem pelo volume. Seria uma invejável equação econômica.

 

Pecisam os governantes e principalmente os economistas governamentais entenderem que o Brasil, outrora pais rural e de tecnologia zero, hoje é uma das mais florescentes economias do mundo, mas ainda convive com a estrutura de antanho, que precisa ser mudada. Hoje já dispomos de uma competente rede de computadores e informações que torna praticamente impossível a sonegação. Temos um mercado firme e um parque produtivo competente e competitivo. Chegou a hora de desonerar e passar a ganhar pelo volume, não pela unidade.

 

A oitava economia do mundo não pode continuar tratando os seus integrantes como sonegadores carentes de vigilância permanente. Os mecanismos de vigilância já existe e todos sabemos disso. Agora é a hora de estabelecer parcerias com a produção e o consumo para que todos os elos da corrente sejam beneficiados. Se isso ocorrer, ganham o produtor, o consumidor e o fisco, que arrecadará pelo volume de movimentação de bens e não precisará ser leonino.

 

O presidente Lula, que já provou ser possível a um retirante, homem do povo chegar à mais alta magistratura do pais, pode, antes de terminar o seu atual mandato, também demonstrar que é possível termos um pais mais justo e competitivo, sem ter a necessidade de assaltar o bolso dos entes da economia através de carga tributária escorchante. Ele precisa fazer isso, para poder passar para a historia como o homem do povo que deu uma nova cara ao Brasil.

 

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo)

 

Veículo - Repórter Diário


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