Retomada do crédito impulsiona as vendas e especialistas dizem que a recuperação deve acelerar no segundo semestre
Com impulso da massa salarial, do reaquecimento do crédito e do corte no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), as vendas do comércio varejista cresceram 1,7% em junho, em relação a maio, e 5,6% ante igual mês de 2008. Incluindo veículos e material de construção, a expansão do volume de vendas no varejo foi de 6,5% ante maio e 10,2% em relação a junho do ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Há uma percepção nossa que as atividades que dependem de crédito começam a melhorar, em que pese que haja incentivo do governo com a redução de IPI", disse o economista Reinaldo Silva Pereira, da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
Embaladas pela redução de IPI, as vendas de veículos e motos, partes e peças aumentaram 11,1% na comparação com os números de maio e 20,8% em relação a junho do ano passado.
Segundo economistas ouvidos pela Agência Estado, os efeitos da queda do IPI devem ser menores nos próximos meses, principalmente no setor de automóveis. A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) já divulgou que as vendas de veículos no mercado brasileiro caíram 4,92% em julho, na comparação com junho.
Porém, há outros setores também com crescimento. Pereira diz que o primeiro semestre, apesar da menor variação de vendas desde 2003, mostra tendência de aquecimento do comércio. "Vemos tendência de crescimento pela série histórica e isso parece verdadeiro, segundo opiniões de analistas de que estamos saindo da crise. Realmente, o comércio vem captando esse sentimento."
MELHORA SINCRONIZADA
Para a economista-chefe do ING Bank, Zeina Latif, "não só o pior já passou como os setores que estavam mais fracos já ensaiam recuperação". De acordo com ela, um salto de qualidade ocorreu, já que setores que vinham apresentando vendas mais fracas, como móveis, eletrodomésticos, tecidos, vestuário e calçados, mostraram sinais de recuperação em junho.
Só as vendas dos móveis e eletrodomésticos cresceram 3,3% em junho, ante maio. Na mesma comparação com o mês imediatamente anterior, as vendas no varejo do grupo de tecidos, vestuário e calçados subiram 10,1% em junho, depois de terem caído 2,5% em maio. "Daqui para a frente, a tendência é termos um resultado mais sincronizado (de mais setores crescendo)", disse Zeina.
Carlos Thadeu de Freitas, chefe do Departamento de Economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC), considera que os bens duráveis já tiveram um movimento de compra antecipada por causa do IPI reduzido, que não deve continuar nos próximos meses. "Bens duráveis não se compram todos os meses." Freitas analisa que os bens não duráveis terão desempenho melhor no segundo semestre. "Eles vão sustentar esse movimento de alta do varejo, mas sem tendências exacerbadas."
Veículo: O Estado de S.Paulo