Uma combinação de acelerações de preços generalizadas no atacado levou ao fim da deflação no Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), de julho para agosto ao passar de menos 0,64% para alta de 0,09%. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV) Salomão Quadros, os acréscimos nas taxas de variação de preços ocorreram tanto no setor agropecuário, que saiu de retração em 2,57% para crescimento de 0,01%, como no setor industrial, que teve recuo de 0,69% para alta de 0,10%.
Para Quadros, o fim da deflação no IGP-DI não impede que o resultado anual do indicador encerre 2009 com taxa negativa, pela primeira vez em sua história. "A chance de encerramos o ano com queda nos IGPs é boa", disse. "Parece que estamos saindo da deflação, mas estamos em uma situação tranquila", completou.
De acordo com o economista, embora o setor industrial tenha peso três vezes superior ao agropecuário no cálculo da movimentação de preços do atacado, os produtos agrícolas contribuíram mais para o fim da queda de preços do que os industriais.
Um dos produtos que mais contribuíram para esse cenário foi a soja, cuja deflação também mostrou menos intensidade (de -5,30% para -0,23%). Entretanto, Quadros observou que a taxa positiva nos preços industriais atacadista foi a primeira elevação em oito meses de queda de preços, em sequência. "A queda acumulada em oito meses, até julho, foi de 5,74%", disse. "Uma virada nos preços industriais, de um mês para o outro, significa muito mais do que uma virada nos preços agropecuários, no mesmo período", disse, comentando que, diferente dos preços agropecuários, os preços industriais não apresentam mudanças bruscas de comportamento, de forma frequente.
Quadros comentou que os preços de materiais para manufatura, que são basicamente insumos para indústria, voltaram a subir, de julho para agosto (de -0,47% para 1,06%).
Habitação eleva IPC
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no município de São Paulo subiu 0,47% na primeira prévia de setembro, mostrou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em levantamento. Na última leitura de agosto, o indicador tinha avançado para 0,48% e, na primeira de agosto a alta foi de 0,35%.
Nesta prévia, a maior variação ficou com o grupo Habitação, que subiu 1,13% contra 1,23% da medição final de agosto. Em seguida veio Alimentação, cujo índice passou de 0,22% para 0,39% entre as duas prévias. Saúde aumentou 0,22% no índice atual, mais do que o 0,14% registrado na leitura final de agosto.
As demais categorias de despesas que compõem o índice tiveram oscilações modestas. Educação e Transportes marcaram 0,03% de alta, depois de avanço de 0,04% e recuo de 0,05%, respectivamente, na medição anterior. Despesas Pessoais ficaram estáveis, após subirem 0,14% na última prévia de agosto. E Vestuário foi o único grupo a registrar deflação, de 0,10% ante alta de 0,07% na prévia anterior.
Inflação sobe nas capitais
Porto Alegre foi novamente a única capital a registrar deflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S). O indicador naquela localidade recuou 0,01% na primeira semana de setembro, depois de ceder 0,11% na apuração antecedente.
A FGV mostrou outras quatro das sete localidades analisadas apresentaram ampliação no período. Em Belo Horizonte, o índice de preço abandonou uma alta de 0,16% na última leitura do mês passado para iniciar setembro com acréscimo de 0,47%. No Rio de Janeiro passou de 0,05% para 0,40%. Em Salvador também houve avanço, ao passar de 0,10% para 0,26%. São Paulo apresentou alta de 0,91%, sendo que na medição anterior do índice tinha marcado 0,38%.
Houve uma desaceleração em Brasília (0,52% na última medição de agosto, para 0,48% no começo do mês) e Recife (0,09% para 0,03%).O IPC-S geral começou setembro com alta de 0,56%, crescimento perante a última pesquisa de agosto, quando o avanço ficou em 0,20%.
Veículo: DCI