As exportações brasileiras alcançaram no acumulado do ano o equivalente a US$ 97.935 bilhões, o que representa uma queda de 24,7% na comparação como mesmo período de 2008. O resultado separado dentre as cinco regiões do País mostra, no entanto, que a Região Centro-Oeste foi a única que apresentou crescimento (1,8%), e entre janeiro e agosto vendeu ao mercado internacional US$ 10.121 bilhões.
Para Mauro Calil, professor do Centro de Estudos Calil & Calil a Região Centro-Oeste está literalmente carregando o resto do Brasil, uma vez que consegue manter crescimento diante da queda nas vendas externas das demais regiões. "O Centro-Oeste está segurando o Brasil, se não vier o sistema de cotas da produtividade ainda teremos muita alegria com a região, pelo motivo principal da reação nas vendas de commodities. Durante esse este ano de crise, os preços das commodities estão em queda, o que eleva seu poder de atração diante do mercado internacional. Além disso, os produtores tiveram uma produção superior na região, que atende a crescente demanda, principalmente no agronegócio com soja e milho", explicou.
José Eduardo Balian, professor do ESPM, acrescentou outro fator para o crescimento da região, a produção e exportação de carnes. "Outro fator para a primeira colocação da região na balança comercial deve-se ao fato da produção elevada de carnes e a tomada do mercado internacional que antes pertencia à Argentina. Desta forma, o Brasil torna-se o substituto natural, pela proximidade e qualidade", disse.
Contudo, Balian argumenta que esse cenário é reflexo de uma política comercial fraca. "Temos que considerar com grande intensidade esse fator. Aceitamos barreiras e protecionismo de todos os países com os quais temos relações comerciais. Temos que voltar a exportar para os Estados Unidos e para a União Europeia", argumentou o professor.
Além disso, o professor da ESPM frisa a derrota sofrida pelos exportadores com a ausência da possibilidade de abatimento do ICMS "Para 2010 poderemos não atingir as metas de saldo comercial, exportações e superávit", declara Balian.
Mauro Calil afirma que a região possui perspectivas de um cenário muito mais favorável no futuro, em razão dos projetos das obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de investimentos estrangeiros, principalmente da China, nas vias de escoamento das mercadorias produzidas no centro do Brasil.
"O Centro-Oeste com os projetos tanto do PAC quanto da China para o escoamento da produção de diversos setores brasileiros, pelo Norte, Nordeste e Sudeste se transformará na região mais competitiva do País. Uma vez que o espaço para produção é maior e os preços pela logística de transporte serão reduzidos, acarretando numa redução geral no preço para os compradores. Será uma revolução econômica no Brasil", enfatizou Calil.
Em contrapartida, Calil disse que as Regiões Sudeste e Sul devem investir em produtos manufaturados ou com maior valor agregado, para não perderem espaço na balança comercial e crescerem economicamente. As regiões que seguem no ranking de desempenho das exportações, informado pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio são: Sul com queda de 23,3%, Norte com retração de 23,5%, Sudeste que caiu 29,6% e Nordeste com recuo de 30%.
Em contrapartida a participação no saldo da balança comercial, em quantidade, inverte algumas posições do ranking de crescimento. A Região Sul lidera com 33,68%, seguida das Regiões Centro-Oeste (28,02%), Sudeste (23,97%), Norte (8,54%) e Nordeste (4,82%).
Veículo: DCI