Mercado mostra otimismo e projeta PIB estável para 2009

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Os números apresentados pelo governo parecem ter convencido o mercado financeiro. Após quase seis meses projetando retração da economia para este ano, o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, mostra que as instituições ouvidas pela autoridade monetária esperam crescimento zero em 2009. Na semana passada, a expectativa estava em recuo de 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), e há um mês a previsão era de retração de 0,30%.

 

Em tom mais otimista, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, espera que a economia tenha leve crescimento esse ano, na comparação com 2008. Graças às medidas anticíclicas do governo feitas este ano para conter os impactos da crise na economia no Brasil, o PIB nacional crescerá 1% em 2009, disse. Se nada tivesse sido feito, calculou Mantega, a economia poderia retrair 2%. "O conjunto de medidas deve elevar o PIB em até três vezes sobre a economia", analisou o ministro, ao fazer um balanço da economia brasileira no período pós-crise durante o 6º Fórum de Economia promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

 

O ministro reiterou que o crescimento da demanda interna "é a grande virtude" do Brasil e que sustentou a economia brasileira durante o período de crise mundial. Ele lembrou que 50 milhões de pessoas da classe baixa, considerada uma "bela" massa de consumo, migrou para classe média nos últimos anos, o que deu sustentação à economia nacional e diferenciou o Brasil da de países que foram agravados fortemente pela crise, como os Estados Unidos. O Brasil saiu da recessão no segundo trimestre deste ano quando cresceu 1,9% sobre o primeiro. O ministro, que não citou quanto o Brasil injetou na economia para atenuar os impactos da crise, afirmou que o custo do Brasil foi baixo diante dos gastos do governo da China que injetou US$ 1,2 trilhão de crédito na economia, dos quais US$ 90 bilhões foram recursos fiscais, para fazer a economia crescer 8% ao ano ao longo de 2009.

 

Contas públicas preocupam

 

Ao mesmo tempo que mostra mais otimismo em relação ao PIB, o mercado revela preocupação com os gastos públicos. Os analistas alteraram a projeção para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB passou de 42,75% para 43,10% neste ano e permaneceu em 41% em 2010.

 

Há uma dúvida entre os especialistas sobre a capacidade do governo de cumprir a meta de superávit primário para 2010, que é de 3,5% do PIB. O superávit primário é a economia feita pelo setor público para pagamentos de juros da dívida pública.

 

Em resposta a essa dúvida, Mantega garantiu ontem que o governo cortará gastos em para conseguir cumprir a meta do superávit primário em 2010, de 3,5% do Produto Interno Bruto, mesmo em um ano eleitoral. Poderão ser cortadas despesas com viagens internacionais e novos programas ministeriais. Na outra mão, exemplificou o ministro, seriam mantidos os gastos com programas sociais, como o Bolsa Família, e os investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

 

O ministro, porém, admitiu que será um ano de sacrifício fiscal. "Faremos o primário, sim, em 2009 e em 2010, mas vamos fazer alguns sacrifícios", complementou. Sem acrescentar detalhes, Mantega afirmou que serão mantidas as despesas que serem avaliadas como "fundamentais e essenciais". O ministro espera, entretanto, que a arrecadação de tributos volte a crescer em 2010 motivada pela recuperação da economia, cujas previsões do ministro são de taxas de crescimento entre 4% e 5% no próximo ano.

 

Embora tenha que fazer sacrifícios, Mantega fez questão de destacar que Brasil será um dos países que sairão da crise com contas fiscais mais sólidas do que outros países do G-20. "A política fiscal que fizemos não deteriorou as nossas contas. Teremos em 2009 o melhor resultado fiscal do que muitos outros países".

 

Ao citar as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), o ministro disse o Brasil fechará 2010 com déficit nominal - a diferença após o pagamento do juro da divida pública - de 2,3% do PIB. Ele comparou com os resultados esperados dos Estados Unidos, cujo déficit nominal deve ficar em 13% do PIB, e com o da Índia que deve ficar em 10% do PIB. "Mesmo com o esforço fiscal feito este ano a tendência é benigna, o que torna improcedente as projeções do mercado de que não iríamos cumprir as metas fiscais", disse, ao acrescentar que o governo pode usar ainda a reserva do Fundo Soberano do Brasil (FSB), de 0,5% do PIB para baixar o déficit nominal, se necessário.

 

O ministro persegue a meta de chegar ao déficit nominal zero ao final do próximo ano. Mas segundo as projeções feitas pelas instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central, o Brasil só deve chegar perto dessa marca em 2013, quando terá, segundo as previsões, déficit de 0,5% do PIB.

 

Veículo: DCI


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