Na última década a economia brasileira passou por importantes mudanças, e com a finalidade de analisar o cenário financeiro e suas transformações a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apresentou o índice CEI (Coeficientes de Exportação e Importação), com dados de 26 setores da indústria que serão divulgados a cada três meses e também anualmente.
De posse das informações o diretor titular de Comércio Exterior e Relações Internacionais (Derex), Roberto Giannetti da Fonseca, alertou que a indústria de manufaturados vem gradativamente perdendo espaço no mercado internacional para as exportações de produtos básicos.
"O setor exportador de manufaturados está perdendo clientes em função da competitividade menor da economia brasileira, e nem tanto pelos efeitos da crise internacional. Se nada for feito para reduzir os tributos e custos das exportações, estabilizar o câmbio, aplicar em infraestrutura e logística e investir na modernização das indústrias o Brasil poderá perder emprego e renda num futuro próximo", declarou Giannetti durante apresentação.
Segundo a pesquisa, os produtos manufaturados há dez anos representavam 57% da pauta brasileira de exportações, hoje respondem apenas por 45,3%. O documento aponta ainda que a crise internacional levou à maior recessão desde a década de 1940, com uma queda de 35% no volume e no valor da produção industrial entre 2008 e 2009.
O diretor ainda cobrou do Banco Central (BC) uma posição de controle com relação a volatilidade do câmbio, de forma que a instituição atue de forma mais significativa na compra de dólares no mercado à vista, para evitar que as oscilações da moeda prejudiquem a economia real, com o aumento do desemprego e a queda nas exportações .
"O exportador hoje está desanimado, porque não vê nenhuma política do governo sinalizando ganho de competitividade ou benefícios concretos no comércio exterior", afirmou Giannetti.
Outro fator importante apontado no índice foi a abertura comercial do Brasil, que elevou em 10,7 pontos percentuais (p.p.) o grau de ampliação das entradas e saídas brasileiras ao passar de 12,9% em 1998 para 23,6% no ano passado e tornou os produtos do País mais expostos à concorrência internacional, que de acordo com o diretor do Derex muitas vezes é "desleal por conta do subfaturamento explícito dos materiais".
Os dados trimestrais do CEI mostram que na comparação do segundo trimestre de 2008 e o mesmo período de 2009 a indústria em geral aumentou suas exportações em 0,4%, tendo os setores de celulose e papel com o maior crescimento brasileiro com 4,7% e a indústria de equipamentos de transporte com a maior retração (11,7). Enquanto os setores que mais importaram produtos no período de comparação foram: metalurgia básica com alta de 1,8% e produtos de metal com 1,5%.
Os setores tiveram recuo na participação de importados em sua produção, passando 18,9% no primeiro trimestre para 18,1% no segundo. Já as exportações passaram de 20,3% para 22,9%.
Segundo o CEI, entre 2003 e 2008 os setores que mais perderam espaço no mercado externo foram produtos de madeira, com recuo de 7,1 pontos percentuais, seguido de máquinas para escritório e informática em queda de 6,8 pontos no período.
Enquanto o setor de indústrias extrativas e outros equipamentos de transporte cresceram, no mesmo período analisado pelo índice, 12,4 pontos e 6,0 pontos no período.
Veículo: DCI