O nível de endividamento das famílias paulistanas mantém em outubro a trajetória de queda iniciada em julho. É o que aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP). A taxa de endividamento caiu 4 pontos percentuais, passando dos 45% observados em setembro para 41%. Em valores absolutos, a pesquisa mostra que o total de famílias que têm algum tipo de dívida baixou de 1,627 milhão para 1,471 milhão. O resultado é o menor nível desde fevereiro, quando o total de famílias endividadas era de 1,35 milhão.
Em comparação com outubro de 2008, quando o índice estava em 53%, a redução foi ainda maior - 12 pontos percentuais. Na avaliação da entidade, a queda revela que as dívidas feitas no período de agravamento da crise financeira mundial começaram a ser renegociadas e quitadas a partir do segundo semestre do ano. "Em setembro e outubro, houve elevação da massa real de salários, aumento do prazo médio de financiamento ao consumidor e redução das taxas de juros", ressalta Adelaide Reis, economista da Fecomercio-SP.
Além da queda no endividamento, o balanço da Fecomercio-SP aponta também recuo da inadimplência em outubro. O total de famílias com dívidas atrasadas baixou de 18% em setembro para 14%. O resultado indica que 150 mil famílias saíram da inadimplência, passando de 650 mil para 500 mil este mês. Também houve retração no número de famílias que acreditam não ter condições de pagar suas contas nos próximos meses - de 7% em setembro para 4%.
EXPECTATIVA. A Fecomercio-SP abordou os consumidores quanto à expectativa de fazerem dívidas nos próximos meses. Do total de pessoas consultadas, 88% afirmam que não pretendem tomar financiamento no curto prazo, queda de um ponto percentual ante setembro (89%). Já o número de consumidores que planejam comprar a prazo se manteve no mesmo nível registrado em setembro, de 10% dos entrevistados.
De acordo com Adelaide Reis, a expectativa é de que as famílias voltem a consumir depois da ressaca causada pela recessão mundial. "A propensão a consumir está em alta. Os consumidores estão confiantes." A economista, contudo, alerta para os riscos do crescimento da inadimplência nos próximos meses. "O consumidor acaba abusando em compras no cartão de crédito. Tanto a queda da qualidade do crédito como o aumento dos prazos de pagamento da fatura do cartão devem elevar o nível de inadimplência", ressalta.
A avaliação da economista deve-se ao fato de as dívidas com cartão de crédito terem sido em outubro as mais recorrentes nas famílias paulistanas. Do total de contas não quitadas no período, 62% foram assumidas no cartão, seguida pelas dívidas no carnê (36%). O balanço da entidade coleta dados junto a cerca de 1.360 consumidores no município de São Paulo. São contabilizadas as dívidas com pelo menos um dia de atraso.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ